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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Barbara Dunlop

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

A jóia do Texas, n.º 713 - Novembro 2014

Título original: Thunderbolt over Texas

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5884-8

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Volta

Capítulo Um

 

A maioria das pessoas adorava um bom casamento.

Cole Erickson odiava.

Não é que tivesse algo contra a alegria, o júbilo e o «felizes para sempre». Mas os vestidos brancos, os bolos brancos e muito altos e os ramos de rosas lembravam-lhe que tinha falhado a inumeráveis gerações de Erickson e quebrado uns quantos corações de passagem.

Portanto, quando soava o hino na igreja de Blue Earth Valley e o seu irmão Kyle, com a sua nova esposa, Katie, desciam do altar, o sorriso de Cole era forçado. Pegou no braço da dama de honor e seguiu o feliz casal.

Fora esperava toda a gente para lançar arroz e pétalas de flores sobre os recém-casados.

A avó Erickson situou-se junto de Cole.

– Cobram duzentos dólares extra pela limpeza – comentou.

– Só se casa uma vez na vida – replicou Cole.

– Tinha intenção de falar-te disso.

– Avó – advertiu Cole, consciente de que se avizinhava uma crítica.

– A Melanie era uma garota agradável.

– A Melanie era uma garota fantástica – afirmou ele.

– E tu estragaste tudo.

– Pois foi – Cole não ia discutir. Tinha gostado de Melanie. Toda a gente gostava dela. Nela não havia nada mesquinho ou egoísta e qualquer homem do planeta teria sido sortudo se se casasse com ela.

O problema era que Cole pecava por ser mesquinho e egoísta. Era incapaz de ser um esposo entregue que satisfizesse os caprichos de uma mulher, mudasse de hábitos, de corte de cabelo ou de cor de roupa interior à vontade de outra pessoa.

Definitivamente, não havia possibilidade de que se casasse num futuro previsível. E isso deixava um grande problema nas suas mãos. Um problema de novecentos anos.

– Não te estás a tornar mais jovem – disse a avó.

– Bem sei – disse Cole, enquanto Kyle e Katie subiam à limusine que os levaria de volta ao rancho e à recepção no jardim.

– Já vai sendo hora – rezingou a avó.

– Acho que o Raio do Norte seria um presente de casamento perfeito para Kyle e Katie.

Inclusive no meio da cacofonia de gritos e adeus que os rodeava, Cole captou o silêncio atónito que se fez a seu lado. Sabia que era uma heresia sugerir que o antigo alfinete-de-dama familiar fosse para o segundo filho. Mas Kyle era a opção lógica.

Cole já tinha deixado a casa principal.Tinha-se instalado na velha cabana que havia junto ao arroio para que Kyle e Katie tivessem intimidade. Em breve os seus filhos ocupariam o segundo andar e Kyle transformar-se-ia no patriarca da seguinte dinastia Erickson. E o Raio do Norte era, sem dúvida, uma posse dinástica.

– Estás a sugerir que não respeite novecentos anos de tradição – disse a sua avó por fim.

– Sugiro que respeite novecentos anos de tradição, Kyle e Katie terão filhos.

– Tu também.

– Não se não me casar.

– Certamente casarás.

– Avó, tenho trinta e três anos. A Melanie foi a minha melhor oportunidade. Dá o alfinete-de-dama a Katie.

– Tu és o mais velho.

– Olav III estabeleceu essa regra em 1075. Muitas coisas mudaram desde então.

– As coisas importantes não.

– Acorda. Estamos no século XXI. Até a família real britânica está a colocar a hipótese de dar igualdade às mulheres na linha de sucessão.

– Não somos a família real britânica.

– Graças a Deus. Odiaria ter o peso das jóias da coroa sobre a minha consciência.

A sua avó fixou os olhos no vazio ao ouvir a irreverência. Começou a descer as escadas e, automaticamente, Cole ofereceu-lhe o braço.

– Que sejas muito despistado para procurar esposa…

– Despistado?

– Sim, Cole Nathaniel Walker Erickson – alçou o queixo para o fixar bem. – Despistado.

– Razão de mais para não me confiar o tesouro familiar – Cole tentou não se rir da ridícula acusação.

– Razão de sobra para utilizar uma picardia contigo.

– Ai – afastou-se. – Avó, deixas-me atónito.

– Atónito? Receberás uma descarga de milhares de volts se não movimentas o traseiro e procuras outra namorada – a sua expressão suavizou e deu-lhe uma palmadinha na bochecha. – Tu és o meu neto e adoro-te, mas alguém deve obrigar-te a enfrentar as tuas debilidades.

– Sou um caso perdido, avó – disse ele, sincero.

– As pessoas podem mudar.

– Eu não – disse ele. Deteve-se junto ao carro e abriu-lhe a porta, olhando os seus olhos azuis.

– Por que não?

– Faço-as chorar, avó – confessou ele. Se queria o seu apoio, tinha que ser honesto com ela.

– Isso é porque as abandonas.

– Elas abandonam-me a mim.

– Tu abandona-las emocionalmente –a avó movimentou a cabeça e sorriu. – Depois elas deixam-te fisicamente.

– Não posso mudar isso.

– Sim, podes.

– Dá o alfinete-de-dama a Kyle. É a decisão correcta.

– Procura uma esposa. Essa é a decisão correcta. No final agradecer-me-ás.

– Felicidade conjugal?

– Felicidade conjugal.

– Isso diz uma mulher que uma vez atirou a roupa do seu esposo desde uma janela do segundo andar – balbuciou Cole, sem poder evitar um sorriso.

– Sabes muito bem que essa história é um desavergonhado exagero – protestou a sua avó.

– Mas admites que vários fatos de homem acabaram esparramados pelo jardim.

– Não admito nada similar, Cole Nathaniel – olhou-o com desdém. – Insolente.

– Sempre.

– Isso vem da tua mãe. Que descanse em paz.

– O Raio seria um presente de casamento perfeito – insistiu ele, ajudando-a a subir para o carro.

– Será – esticou a saia sobre os joelhos. – Só tens que procurar uma esposa.

– Isso não vai acontecer.

– Necessitas de ajuda?

O cérebro de Cole ficou paralisado um segundo.

– Avó…

– Vamos chegar tarde à recepção – sorriu ela, pondo as mãos sobre o regaço.

– Não te atrevas.

– Atrever-me a quê? – olhou-o com inocência.

– Não te atrevas a tentar acasalar-me.

– Com quem?

– Avó.

– Fecha a porta, querido. Estamos atrasados.

Cole abriu a boca para falar, mas voltou a fechá-la. A sua avó tinha herdado a tenacidade dos seus ancestrais. Sabia bem, porque ele era igual.

Fechou a porta, maldizendo entre dentes. Não serviria de nada continuar a discutir. Mas se as raparigas mais bonitas de Wichita Falls começavam a desfilar pelo rancho, iria montar touros para o Canadá.

 

 

A Sydney Wainsbrook, Conservadora de Propriedades Culturais, contraiu-lhe o estômago e disparou-lhe o nível de adrenalina ao ver Bradley Slander cruzar o vestíbulo do Museu Laurent de Nova Iorque. Levava uma taça de champanhe na mão e esboçava esse sorriso que fazia com que os seus olhos castanhos parecessem ainda menores do que o habitual.

– Melhor sorte a próxima vez, Wainsbrook – balbuciou. Atirou a cabeça para trás e tomou um golo. Abriu os lábios com satisfação exagerada.

Podia sentir-se satisfeito. Acabava de ganhar-lhe ao licitar um antigo sino de ouro coreano, ganhando uma avultada comissão e convertendo-a em propriedade de um coleccionador privado, em vez de um museu público.

Era a terceira vez esse ano que a vigiava como um abutre enquanto ela fazia o trabalho. A terceira vez que aparecia no último segundo e arruinava o seu trato.

Sydney não tinha nada contra a concorrência. E entendia que o proprietário tinha direito a vender a sua propriedade ao melhor licitante. O que a irritava era que Bradley seguia os seus contactos e fizesse licitações altas para convencê-los a que leiloassem. Depois licitava muito por baixo do que tinha licitado, decepcionando o proprietário e privando a comunidade de importantes peças da sua história.

– Como consegues dormir à noite? – perguntou ela, ofensiva.

– Vejamos – Bradley apoiou-se numa coluna de mármore. – Passo uma hora no jacuzzi, tomo uma taça de conhaque Napoleão, escuto um pouco de jazz e depois introduzo-me na minha luxuosa cama e fecho os olhos. E tu?

– Eu fantasio contigo e esse machado daí.

– Eu gosto de ser parte das tuas fantasias, menina.

– Ah, sim? O machado ganha. Tu perdes.

– Poderia valer a pena – sorriu com lascivia.

Sydney estremeceu. Tomou um golo de champanhe, desejando que fosse vodka. Levava um longo período de seca, mas não se envolveria numa relação sexual com Bradley nem que fosse o último homem do mundo.

– Diz-me. Que vem a seguir? – Bradley soltou uma risadinha e ela alçou uma sobrancelha interrogativamente. – Na tua lista. Que vamos procurar agora? Tenho que admitir, Wainsbrook, tu és o meu passaporte para a fama.

– Deveria mandar-te as minhas notas por e-mail para poupar-te trabalho?

– O que for mais conveniente.

– O mais conveniente seria que introduzisses a cabeça num buraco escuro e não a tirasses durante muito tempo.

– Sydney, Sydney – cacarejou ele. – E eu que digo aos meus amigos que tu és uma dama.

– É mais fácil o inferno gelar do que dar-te informação voluntariamente.

– Como quiseres – alçou os ombros com indiferença. Depois inclinou-se para ela. – Tenho que admitir que a perseguição me excita.

Sydney apertou os dentes, desejando dar-lhe uma machadada. Estava à prova no Museu Laurent, devido à sua falta de produtividade esse ano. Se Bradley lhe roubava mais um achado, ficaria sem trabalho. O seu chefe tinha-o deixado muito claro depois do leilão dessa tarde.

Necessitava de lugar para manobrar. Tinha que afastar-se de Bradley, talvez inclusive abandonar o país. Ir ao México, ao Peru, ou… a França. Controlou o sorriso que começaram a formar os seus lábios.

– Vês? – ronronou Bradley. – A ti também te agrada este jogo. Eu sei.

Sydney olhou para ele enojada.

– Até à próxima – ele alçou a taça vazia num brinde gozão.

– À próxima vez – disse Sydney, que não tinha intenção que houvesse. As possibilidades que Bradley a seguisse para outro continente eram remotas e isso dava-lhe possibilidades de procurar o Raio do Norte.

Contava com três anos de notas de pesquisa sobre o legendário alfinete-de-dama, incluindo evidência crível que tinha sido benzido pelo Papa Urbano V.

Forjada pelo rei viking Olav III, em 1075, a jóia tinha participado em batallas e sulcado mares. Alguns diziam que se tinha utilizado como garantia para fundar o convento das Irmãs da Beneficência da Roche.

A maioria opinava que era uma lenda, mas Sydney sabia que existia. Em alguma cobertura. Num joalheiro. Ou numa caixa de segurança. Inclusive se só era certa metade das histórias que se contavam, o Raio tinha uma notável capacidade de sobrevivência.

E se tinha sobrevivido, encontraria a sua pista. E se encontrava a pista, encontraria a jóia. E asseguraria que ficasse no Museu Laurent, mesmo que tivesse que atar Bradley Slander para impedi-lo de a roubar para ele.

 

 

A vida melhorava para Cole. Tinha passado os últimos três dias num leilão de gado em Butte, Montana, e tinha comprado uma beleza de égua, chamada Sonho Nocturno.

Mesmo que não estivesse em situação de produzir o seguinte grupo de herdeiros Erickson, produziria cavalos de primeira. Isso também contava.

Cole deixou o saco de viagem no chão e fechou a porta de uma patada. Tinha que tirar a voz da sua avó da cabeça. Tinham passado meses desde o casamento. Ele não era um menino e ela não podia fazer com que se sentisse culpado.

Tirou a cafeteira e pôs café. Assim que Katie estivesse grávida, voltaria a falar do Raio. Se Olav III podia iniciar uma tradição, Cole I podia mudá-la. Encheu a cafeteira de água e acendeu o gás.

Ouviu um motor de quatro cilindros e assomou-se à janela. A sua família utilizava camionetas de oito cilindros, toda a gente as utilizava no vale.

Apoiou-se no sofá de quadrados e observou o pequeno desportivo deter-se sob o seu carvalho. Não reconhecia o carro, mas quando viu um fino tornozelo e uma esbelta figura a assomar pela porta do motorista, deixou de importar-se com isso.

Saiu ao alpendre quando uma coluna de vapor saía debaixo da capota e um jacto de água caía pela grelha. O motor fez uns barulhos um par de vezes e parou.

Outra bonita perna seguiu a anterior. A esbelta mulher media cerca de um e sessenta e sete. Levava uma estreita saia cor marfim e casaco a condizer. Um espesso cabelo comprido de cor castanha caía sobre os seus ombros. Tinha as bochechas coradas e a pele perfeita. Não levava o tempo suficiente no vale para encher-se de pó.

Sorriu, mostrando uns dentes branquíssimos e subiu os óculos de sol. Cole engoliu em seco.

– Olá – cumprimentou com a mão, tropeçou no solo desigual e equilibrou-se rapidamente. Ele desceu os três degraus para oferecer-lhe o braço. – Obrigada – disse ela, agarrando-se ao seu antebraço despido.

Ele sentiu uma corrente eléctrica que chegou até ao ombro. Aclarou a garganta.

– Problemas com o carro?

– Não, acho que não – replicou ela olhando para o veículo com o sobrolho franzido.

– Não? – ele alçou uma sobrancelha.

– Porquê? – piscou-lhe o olho com olhos verdes como jóias. – Cheguei aqui sem problemas.

Ele olhou nos seus olhos, preguntando-se se levava lentes de contacto de cor. Mas parecia que não. Os olhos eram seus, do mesmo modo que o sedutor cabelo e os escuros lábios.

– Acho que está sobreaquecido – disse ele.

– Percebes de carros?

– Mais ou menos – replicou ele.

– Isso é bom – respondeu, sem deixar de olhá-lo nos olhos e passando a língua pelo lábio inferior. – Eu costumo utilizar táxis.

– Imagino que não és daqui – era um comentário estúpido. Se vivesse perto de Blue Earth Valley, Cole tê-la-ia visto antes.

– Sou de Nova Iorque.

– A cidade?

– Sim – soltou uma risadinha suave e a Cole acelerou-lhe o coração. – A cidade.

– Maldição – disse ele quando chegaram ao alpendre e ouviu um forte barulho. O café.

– Quê?

– Espera – subiu os degraus de um salto, cruzou a cozinha e afastou a cafeteira do lume.

– Queimaste o café? – perguntou ela, nas suas costas.

– Acho que sim – limpou o café vertido e enxaguou as mãos. Ofereceu-lhe uma. – Cole Erickson.

– Sydney Wainsbrook – respondeu, com um sorriso deslumbrante. Deu-lhe a mão e Cole sentiu uma descarga eléctrica ainda mais forte.

– Queres que dê uma olhadela ao carro?

– Preferiria que me oferecesses uma chávena de café.

– Estará horrível – advertiu ele.

– Sou dura – alçou os ombros levemente.

– De certeza – riu ele, observando a sua elegante imagem.

 

 

Sydney passou a mão pela borda da chávena. Inclusive para uma nova-iorquina, o café era terrível. Mas estava a beber até à última gota. Simples.

Tinha que fazer ver a Cole que estava a sério, porque parecia um tipo capaz de pisar-lhe o pescoço se hesitasse. Era um homem grande, todo músculo e tendões sob uma gasta camisa de quadrados. Usava-a arregaçada e os seus antebraços eram fortes. Tinha cabelo espesso, mandíbula quadrada, o nariz um pouco torcido e expressivos olhos cor cobalto, muito sensuais.

Ia ser um desafio. Mas tudo o que tivesse a ver com o Raio do Norte seria um desafio. Tê-la-ia decepcionado que não fosse assim.

– Que te traz a Blue Earth Valley, Sydney Wainsbrook?

Ela sorriu, cada vez mais contente com o seu audaz plano. O homem era um sonho feito realidade; era um mistério que ainda não o tivesse apanhado outra mulher.

– Tu – replicou.

– Eu?

– Sim, tu – tomou um gole de café.

– Nós conhecemo-nos?

– Até agora não.

Ele franziu os olhos. De repente, um olhar de compreensão mudou o seu rosto e alçou as mãos.

– Espera um minuto.

– Quê? – não podia ter adivinhado o seu plano ainda.

– Convenceu-te a minha avó para que viesses?

– Não – Sydney movimentou a cabeça com alívio.

– De certeza? Porque…

– Certeza absoluta – Sydney era quem tinha idealizado o plano. Após mil horas de pesquisa em sites de museus europeus. – Mas diz-me por que pensaste que podia enviar-me a tua avó.

Ele recostou-se na cadeira e apertou a mandíbula. Sydney não ia permitir que a intimidasse. Tinha a impressão que ninguém pressionava Cole e ela não ia comportar-se como o resto da gente. A surpresa era uma das suas melhores armas.

– Diz de uma vez – insistiu.

– Porque é uma casamenteira incorrigível.

– A tua avó está a tentar acasalar-te? – Sydney controlou o riso.

– É patético, não é?

– Um pouco.

– É uma intrometida. E… bom… – pareceu tentar controlar a sua língua e movimentou a cabeça. – Não. Não faz falta dizer mais. Diz-me que fazes em Blue Earth Valley.

– Sou conservadora do Museu Laurent – afirmou ela.

Ele não reagiu nem mostrou sinais de pânico. Isso era bom sinal.

– Acabo de terminar três meses de pesquisa na Europa. Para complementar três anos de pesquisas prévias. A minha tese, de facto.

– Escreveste uma tese?

– Sim. Sobre o Raio do Norte.

Isso sim fê-lo reagir. Os seus olhos tornaram-se frios como o aço e apertou a mandíbula.

– Entendo que sejas o proprietário actual.

– Entendes mal – deu uma palmada na mesa.

– Explicar-me-ei melhor…

– Boa ideia.

– Sei como funciona.

– Sabes como funciona, o quê?

– A herança. Sei que irá para a tua mulher. E vim oferecer-me para casar contigo.