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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Sara Orwig

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Negócios… e amor, n.º 1006 - julho 2017

Título original: Marrying the Lone Star Maverick

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-290-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Epílogo

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Prólogo

 

Não havia cavalo que não pudesse domar. O estilizado alazão tinha resistido; mas agora, sob as brilhantes luzes do estábulo, Jeff Brand comprovou que o cavalo obedecia à mínima ordem.

Nesse momento ouviu o motor de um carro, os vaqueiros que trabalhavam para ele iam e vinham com frequência à noite.

– Achava que eras tu – Jeff puxou as rédeas do cavalo para um lado ao ouvir aquela voz familiar.

Com mocassins e uma camisa limpa de xadrez, o seu irmão Noah tinha o ar do que era: um homem da cidade. A lentidão com que saltou a vedação sublinhou o facto.

– Como está o pai? – perguntou Jeff contendo a respiração.

O segundo enfarte do pai de ambos assustara toda a família. Não podia imaginar que outra coisa podia levar o seu irmão ao rancho àquelas horas.

– O pai está bem. Não foi por isso que vim aqui a estas horas.

O cavalo começou a mover-se e Jeff puxou as rédeas.

– E o que vieste fazer a estas horas da noite?

– Tinha medo de não te encontrar durante o dia. Se bem me lembro, costumavas passar muitas noites a cavalgar. Um desperdício das tuas tardes, se mo permites dizer – disse Noah sorrindo-lhe.

Jeff aproximou-se a cavalo.

– Um cavalo novo?

– Sim. Os seus dois donos anteriores não conseguiram domá-lo. Acho que vai ser magnífico.

– Talvez tenhas razão. Tem pinta de bom corredor.

– E é – Jeff atirou o chapéu Stetson para trás. – Sempre me surpreendeu o bom olho que tens para os cavalos e o pouco que gostas do campo.

– É fácil de explicar: gosto de ganhar nas corridas. E a única forma de consegui-lo…

– É conhecer os cavalos – concluiu Jeff. – Deixa-me levá-lo para o estábulo e depois contas-me o que te trouxe por cá. Sei que deve ser importante porque, caso contrário, não virias de carro a estas horas da noite.

– Tens toda a razão. Preferiria estar em casa com a minha mulher e o meu filho a estar aqui contigo e com esse cavalo teimoso.

Jeff começou a cavalgar para a porta da vedação.

– Acompanha-me ao estábulo para falarmos.

Dentro das cavalariças, enquanto Jeff tirava o arreio ao cavalo, Noah sentou-se nuns fardos de palha.

– Acham que o pai poderá sair do hospital e voltar para casa no princípio da semana que vem, mas o doutor Gracy faz questão de que se aposente. O pai não pára de se preocupar com os negócios, já o conheces.

– Vai ser terrível para ele, a sua vida é o trabalho – Jeff foi buscar um balde de água para o cavalo e voltou em seguida. – O pai não tem outros passatempos, não há nenhuma outra coisa que lhe interesse.

– É difícil imaginar o que se vai passar. A Knox Brand e a Brand Enterprises são sinónimas, e é por isso que estou aqui. O pai só vai ficar como presidente, mas agora também dirigimos os couros Cabrera e mais duas empresas. Preciso de ajuda, da tua ajuda.

– Não, nem pensar – disse Jeff olhando para o irmão. Imediatamente notou a sua preocupação e o coração encolheu-se.

– Ora bolas, Noah! Sabes que não suporto a vida de executivo.

– Só por um ano. Ajuda-me a encontrar alguém apto para o cargo. Não posso meter alguém sem experiência. Tu conheces muito bem o negócio, apesar de o teres deixado para te dedicares a isto. És membro da Junta Directiva, de modo que continuas informado. Conheces-me e não terás problemas em saber o que quero e o que não quero. Além do mais, conheces todos os assuntos financeiros e sabes negociar e fechar acordos.

– Não – respondeu Jeff, escovando o cavalo com longos passes. Embora lhe custasse recusar ajuda ao seu irmão, trabalhar no escritório principal da corporação tirar-lhe-ia a vida.

– O teu principal problema sempre foi o pai, mas agora ele não vai estar.

– Noah, és igual a ele.

– Não, não sou. Alguma vez tentei dirigir a tua vida? Serias perfeito para os couros Cabrera. É só por um ano, Jeff – quando queria algo, Noah era igual ao seu pai. – Já deitei o olho a um para ocupar o lugar chegado o momento, mas ainda não está preparado.

– Um ano é demasiado tempo – disse Jeff com paciência.

– Está bem – disse Noah, levantando-se do fardo de palha até se chegar a Jeff. – Farei o que puder por acelerar o processo. Peço à minha secretária para te ajudar, ela conhece a empresa tão bem como eu.

– Não vou mudar de ideias – replicou Jeff.

– Preciso de ti, Jeff. Pede-me o que quiseres em troca.

Jeff deixou de escovar o cavalo e voltou-se para olhar fixamente para o irmão. Já vira Noah com problemas, mas nunca o tinha visto assim.

Massajando a nuca, Jeff tentou pensar no que lhe podia tornar o trabalho suportável.

– Está bem, Noah, eu digo-te quais são as minhas condições… um milhão por adiantado simplesmente por aceder a trabalhar nisto, mais comissões se o meu departamento aumentar o número de vendas e também por cada aquisição que fizer. Ah, e um salário como o teu. Quero trabalhar daqui a maior parte do tempo. E quero que a tua secretária me ajude.

– Não pedes muito, pois não? – sentenciou Noah, falando como o teria feito o pai enquanto o seu rosto enrubescia.

Jeff começou de novo a escovar o cavalo.

– É pegar ou largar. Foste tu que vieste aqui para me pedir ajuda.

– Também te poderia dar a empresa e já está – queixou-se Noah. – O que pedes é muito. Nem sequer sabes o que eu ganho.

– Sei que ganhas muito – Jeff continuou a cuidar do cavalo.

Se Noah aceitasse as suas condições, ele poderia suportar um ano de trabalho na empresa.

– És um negociante muito duro, Jeff.

– Por isso queres que seja o teu braço direito.

– Incomoda-me que tenhas razão, mas tens. Sabes o que queres e consegue-lo. Está bem. Empresto-te a minha secretária e podes trabalhar do teu maldito rancho, mas tens de ir um dia por semana ao escritório. Cá nos arranjaremos para que possas chefiar a Cabrera a partir daqui.

– Sugiro-te que não menciones os termos do acordo ao pai. Não quero que lhe dê outro enfarte.

– És muito duro. Achava que ultimamente se davam melhor. Enfim, é bom poder contar contigo, agora posso dormir tranquilo. Ainda não compreendo por que te foste embora, tens boa cabeça para os negócios.

– Prefiro os cavalos – disse Jeff sorrindo.

Noah abanou a cabeça.

– De todos os modos, não te esqueças que haverá vezes em que não possas trabalhar a partir daqui, embora o possas fazer a maior parte do tempo. Em ocasiões terás de assistir a videoconferências.

– Não compreendo por que pensas que sou imprescindível.

Ao pensar no que pedia e no muito que ia aumentar a sua fortuna, hesitou. O temor e a apreensão enfrentavam-se ao entusiasmo de receber semelhante compensação económica; sobretudo, tendo em conta as rendas do rancho e o dinheiro que herdava. Mas teria de trabalhar um ano.

– É bom que precises de mim tanto como dizes. Se descobrir que não é assim, desisto logo, Noah.

– Vais comprová-lo por ti próprio – disse Noah. – Podes começar na segunda-feira? Seria bom que na primeira semana trabalhasses no escritório. Também poderias preencher e tramitar os papéis do teu contrato.

Jeff perguntou-se como seria o trabalho.

– Trato feito – disse Jeff enquanto se perguntava em que se estaria a meter e até que ponto isso lhe mudaria a vida.

Capítulo Um

 

Uma hora antes de o escritório abrir oficialmente, Holly Lombard entrou sorridente no escritório de Noah Brand. Tinha-lhe pedido para ir ter com ele e ia com um monte de papéis já que supunha que lhe ia fazer perguntas a respeito da nova gama que estavam a introduzir. O tapete oriental absorveu o ruído dos seus passos.

– Bom dia, Holly – disse-lhe Noah sentado atrás da sua secretária. – Por favor, senta-te. Quero falar contigo antes que os outros cheguem.

– Parabéns – disse ela sentando-se numa cadeira do melhor couro da Brand Enterprises. – Li a mensagem electrónica que me enviou e na qual dizia que queria reunir-se comigo.

– Obrigado. O Jeff começa hoje – disse Noah olhando-a do outro lado da secretária de mogno, – por isso queria falar contigo. Tenho que te fazer uma proposta.

Surpreendida, Holly pousou os papéis numa mesa auxiliar que tinha ao lado e esperou.

– Fiz uma oferta ao Jeff e ele aceitou-a, mas preciso que tu mudes de trabalho.

Holly sentiu uma certa preocupação, mas recusou-a imediatamente.

– Apanhou-me de surpresa – disse ela.

– Eu sei, mas custou-me muito convencer o Jeff. O meu irmão é excelente, Holly.

Holly guardou a sua opinião para si. Pelo que Noah tinha comentado com ela ao longo dos anos, sabia que ele tinha um irmão gémeo que deixara a empresa há muito tempo para se tornar fazendeiro no Oeste do Texas. Não imaginava como o irmão de Noah ia poder lidar com o negócio.

– Quero que trabalhes com o Jeff; em troca, serás promovida. Passas de minha secretária pessoal a directora executiva de marketing da zona oeste e subir-te-ei o salário em vinte por cento. É muito aliciante, Holly. E és jovem.

– Tenho alternativa? – perguntou ela, desagradada com a ideia de trabalhar com Jeff Brand.

– Com certeza. Não te vou despedir se não aceitares. Será só por um ano. Subir-te-ei o salário, subirás de função e dar-te-ei mais responsabilidade. É um bom passo para a tua carreira profissional.

– Mas trabalharei com o seu irmão em vez de consigo? – repetiu ela, pensando que seria o fim da sua carreira. Ia deixar de trabalhar com o director da empresa e ia trabalhar para um vaqueiro.

– Assim é. E disse-lhe que poderá trabalhar a partir do rancho com excepção de um dia por semana, que virá aqui.

– Oh, não! – gritou ela pondo-se de pé. – Não vou viver num rancho no fim do mundo com alguém que não tem quase experiência nenhuma nos negócios. Desculpe, mas não vou fazer isso. Desculpe, mas a proposta é absurda, acabaria com a minha carreira profissional.

Magoada e furiosa com Noah por lhe ter feito semelhante pedido, acrescentou:

– Quer que comece a procurar outro trabalho?

– Acalma-te e senta-te, por favor. Pode ser que o Jeff esteja enferrujado e precise que o actualizem, mas surpreender-te-á, vais ver. Dar-te-ei um carro de empresa e todas as despesas serão pagas. Escuta, quero o Jeff aqui e tu és a pessoa perfeita para trabalhar com ele. Será como se fosse eu a ajudá-lo, coisa que não posso fazer por causa do meu pai.

Noah coçou a nuca e Holly sabia que estava a pensar em algum incentivo importante. Era uma forma terrível de lhe agradecer o seu esforço e o seu trabalho na empresa.

– Por onde quer que o olhe, isto é um passo atrás. Põe-me ao lado de um vaqueiro sem experiência. Além disso, odeio cavalos, o campo e tudo isso.

Noah lançou-lhe um olhar possante e ela perguntou-se se não se tinha excedido, mas já não se importava.

– Espera um momento, Holly.

Noah pôs-se a fazer umas anotações num papel, enquanto ela permanecia ali sentada contendo a vontade que tinha de lhe gritar. Aquilo era uma injustiça e um desperdício do seu talento. Teria gostado que Knox Brand estivesse ali, ao comando da empresa.

Noah levantou-se e contornou a secretária.

– Este é o acordo: além do aumento de salário e da subida de função, pagar-te-ei uma bonificação quando começares e outra bonificação quando acabares, cento e vinte e cinco mil dólares ao começar e a mesma quantidade ao acabar.

Holly voltou a cabeça para a janela, consciente de que a oferta era demasiado lucrativa para a recusar. A sua mente conjurou imagens de cactos, pó e secura, tudo isso era parte do oeste do Texas.

– Não pareces impressionada com a minha oferta, Holly – comentou Noah, ironicamente. – Está bem, duzentos e cinquenta mil dólares quando começares e a mesma quantia quando acabares.

Atónita, Holly ficou a olhar para ele.

– Isso é meio milhão de dólares em bonificações para fazer o que me pede. Deve estar desesperado para fazer isto.

– Sim, pois estou. Já to tinha dito, o meu irmão é um grande negociante e um mago das finanças, não conseguiu toda a sua fortuna com gado. Sei que posso contar com ele. Vocês os dois formariam uma equipa extraordinária e eu não teria de me preocupar com nada do que vocês se encarregassem.

– Orgulho-me disso – comentou ela, trocista. – Por esse dinheiro e pela promoção de função, sou capaz de aguentar bastante, Noah; trabalharia até com um gorila no zoológico.

Holly sorriu.

– Aceitas então? Normalmente, as mulheres dão-se bem com o Jeff, mas sei que a situação neste caso é diferente – Noah sorriu para ele. – Vais ver que não será um fardo.

– Acho que não deixará de o ser, mas pensarei no que vou ganhar. E só um ano.

– Já pensei em quem vai substituir o Jeff, pelo que pode ser que não chegue ao ano. Receberás o teu primeiro pagamento e assumirás o teu novo posto de trabalho hoje. Quero que comeces já. O Jeff também vem hoje. Tira esta semana para acabares o que estás a fazer, se puderes. Pedirei a alguém para ocupar o lugar de minha secretária. Agradeço as tuas sugestões. Já disse ao Jeff para se encarregar da gama Cabrera.

Holly pensou na gama mais importante de botas e selas de montar que iam introduzir no mercado.

– Três gerações da família Brand lutaram por essa gama e agora vai deixá-la nas mãos do seu irmão, um homem sem experiência – declarou ela, pensando que Noah perdera o juízo.

– Deixa de olhar para mim como se tivesse duas cabeças – disse Noah, recordando-lhe uma vez mais a sua sagacidade.

– Muito bem, de acordo – respondeu ela ruborizando-se. – A que horas vem o seu irmão?

– Suponho que cedo. O pessoal da recepção mandá-lo-á aqui para cima directamente. Holly, obrigado por aceitares a oferta. Confia no Jeff, não te arrependerás.

– Vou tentar – disse ela secamente, consciente de que ia ter de pensar diariamente nas recompensas económicas. – Trouxe uns papéis para voltar a ver consigo, mas fá-lo-emos mais tarde. Agora a minha cabeça anda às voltas, a minha vida inteira mudou.

– Sim, faremos isso depois – disse Noah.

Agarrando nos papéis, Holly saiu rapidamente do escritório e refugiou-se na sua secretária. Agarrou-se à ideia do dinheiro que ia receber e à promoção.

Também recordou a foto que vira de Noah com o seu irmão, de sorriso travesso e mais alto do que Noah.

 

 

Quando Jeff entrou nos escritórios principais da Brand Enterprises estremeceu. Recordou o encurralado que se tinha sentido quando trabalhara ali aos vinte e tal anos. O seu pai era uma presença autoritária e contínua que tentava controlar até a mais mínima decisão.

As botas de Jeff repicaram no polido chão de mármore da entrada do edifício. Deteve-se diante de um segurança para lhe dizer o seu nome. Deram-lhe um cartão de identificação e fizeram-no entrar numa pequena saleta. Pensou no pagamento que iam depositar na sua conta bancária nesse dia e animou-se ligeiramente. Durante um ano e depois voltaria a fazer o que quisesse. Pensou nos cavalos que ia poder criar.

O vestíbulo era elegante e caro: vidro, mármore, couro e plantas. Um átrio permitia que a luz inundasse um espaço desenhado para impressionar quem entrasse: empregados, concorrentes e clientes. O seu pai e o seu avô contrataram os arquitectos; antes do seu avô, os escritórios da Brand Enterprises eram singelos. Apanhou o elevador até ao último andar para se reunir com o irmão.

Após percorrer um corredor e dar a volta a um recanto, uma mulher que ia na direcção oposta foi contra ele e caíram os papéis que ela levava na mão. Ele agarrou-a para que não caísse também.

– Desculpe – desculpou-se Jeff.

– Desculpe – disse ela. – Ia distraída, devia…

Uns olhos verdes cravaram-se nele fazendo-o conter a respiração. O perfume da mulher era tão excitante como ela. Levava o cabelo castanho preso num rabo-de-cavalo. O fato azul-escuro e a camisa de seda assentavam-lhe na perfeição.

Submergido na profundidade daqueles olhos grandes, Jeff deu conta que a estava a olhar fixamente e perguntou-se também quanto tempo mais olharia ela para ele com tal intensidade. Como se acabasse de dar conta do que estava a fazer, a mulher pestanejou. A sua pele era perfeita e tinha o nariz recto e os lábios cheios e encarnados, uns lábios para beijar. O seu rosto era lindo. Ela voltou a piscar os olhos como se acabasse de sair de um transe e fixou-se no chapéu dele, adoptando uma expressão de censura. Baixou o olhar e fincou-o nas botas de pele de crocodilo que acompanhavam o fato preto. Detectou o desagrado dela e perguntou-se quem seria.

A mulher baixou-se para apanhar os papéis e ele imitou-a.

– Eu apanho-os – disse Jeff agarrando os papéis para lhos dar depois.

– É o Jeff Brand, não é? – disse ela como se acabasse de ver uma serpente aos seus pés.

– Sim, pois sou – respondeu ele, surpreendido pela reacção dela. – Desculpe, mas não acho ter tido o prazer de… não a teria esquecido.

Jeff ofereceu-lhe a mão e ela abanou os papéis, indicando com o gesto que não podia apertar a mão que ele lhe oferecia, coisa que não era verdade.

– Holly Lombard – disse ela secamente.

Jeff supôs que a frieza dela era por causa da relutância com que aceitara o seu novo posto de trabalho.

– Suponho que o Noah lhe falou de mim. É um prazer conhecê-la, Holly – Jeff baixou a mão sem deixar de observá-la, enquanto perguntava a si mesmo se ela recusara trabalhar com ele.