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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2011 Penny Jordan. Todos os direitos reservados.

O PRÍNCIPE APAIXONADO, N.º 1341 - Novembro 2011

Título original: Passion and the Prince

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em portugués em 2011

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

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I.S.B.N.: 978-84-9000-979-6

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

CAPÍTULO 1

Lily deixou de olhar pela máquina fotográfica na qual tinha enquadrado a imagem de uma modelo a pousar provocantemente em roupa interior.

Diante dela tinha modelos femininos e masculinos praticamente nus. Tanto elas, magras e a fazer caretas, como eles, com os seus peitos nus musculados, se submetiam à sessão de maquilhagem e de cabeleireiro. Havia música ambiente, embora muitos dos modelos ouvissem música nos seus próprios iPods.

– Já chegou o modelo que esperávamos? – perguntou a uma das cabeleireiras, que abanou a cabeça. – Não podemos esperar mais. Só alugámos o estúdio para uma sessão, portanto, teremos de usar duas vezes um dos outros.

– Quer que escureça o cabelo a algum dos loiros? – perguntou a mulher, enquanto estendia a mão para uma lata de spray.

Lily olhou à sua volta, com um aperto no coração. Tinha pertencido àquele mundo até o ter abandonado, enojada, e odiava tudo o que representava. O último lugar do mundo onde queria estar era naquele estúdio asfixiante no qual flutuava o cheiro familiar de feromonas masculinas, de suor, de ansiedade feminina, de tabaco e de substâncias ilegais.

Passando junto de um grupo que conversava, deixou a máquina sobre uma mesa e aproximou-se da modelo que fotografaria de seguida, perguntando-se se, como tantas outras, teria entrado naquele mundo à espera de conseguir um grande contrato e acabando por descobrir um lado muito mais sórdido do mundo da moda.

Aquela sessão não tinha nada a ver com as das grandes revistas com orçamentos exorbitantes e, se Lily estava ali, apesar de os motivos da sua visita a Milão serem bem distintos, era porque não pudera recusar-se a fazer um favor ao seu meio-irmão. A mãe de Rick, a segunda esposa do seu pai, fora sempre muito carinhosa com ela e Lily sentia-se na obrigação de corresponder, encarregando-se do seu irmão mais novo.

Todos os seus esforços para o dissuadir de seguir os passos do seu famoso e imoral pai tinham sido em vão e Rick insistira em tornar-se fotógrafo de moda.

Depois de preparar a modelo, Lily pegou novamente na máquina fotográfica. Ia dispará-la quando a porta se abriu bruscamente e o peito de um homem de fato lhe tapou a imagem.

Irritada com o que devia ser o modelo que se atrasara, puxou o cabelo loiro para trás e, sem desviar o olhar da máquina, disse:

– Está atrasado e estragou-me a fotografia.

O silêncio que se fez no estúdio chamou-lhe a atenção. Levantou o olhar e encontrou-se com o de um homem que a observava com hostilidade. Um homem alto, moreno, de ombros largos, vestido com um fato caro e cuja linguagem corporal irradiava orgulho e desdém. Lily pensou que era demasiado atraente para ser modelo e um formigueiro desconcertante percorreu-a por dentro.

Ela considerava-se imune à beleza masculina e, na sua opinião, a atracção sexual era uma fraude cruel da mãe Natureza, necessária para garantir a conservação da espécie. Tinha crescido num mundo em que a beleza era um bem de consumo e, por isso mesmo, fazia o possível para disfarçar a que ela mesma possuía.

– Sim? – perguntou, com a maior frieza possível.

Mas, em vez do pedido de desculpas que esperava receber, o homem olhou-a com arrogância.

Nem sequer olhara para as raparigas seminuas, enquanto elas não conseguiam desviar os olhos dele. A masculinidade que emanava fazia com que os jovens modelos, apesar dos seus músculos de ginásio, parecessem apenas garotos.

Era extraordinariamente bonito e Lily suspeitou que também seria inflexível e autoritário. Pela sua expressão, era evidente que alguém ia ouvir uma reprimenda, mas, felizmente, não poderia ser ela, pois estava ali por mera coincidência.

Recordou que, afinal de contas, era filha dos seus pais, o que significava que, a certo nível, devia ser vulnerável à atracção masculina como tinha sido a sua mãe, embora esperasse não sair a ela na falta de pudor para explorar a beleza. Um calafrio estremeceu-a enquanto pensava que nunca repetiria os erros dela.

Estava ali para fazer um trabalho, não para se deixar dominar pela insegurança.

– Sim? – voltou a perguntar, questionando-se até quando o desconhecido pensaria prolongar o silêncio.

O homem continuou a olhá-la com frieza. Devia ser desumano se não sentia a tensão no ar.

– É a pessoa responsável por isto?

Embora falasse mais baixo do que Lily tinha esperado, a sua voz grave era tão dominante como a sua presença.

Lily olhou à sua volta. Estava claro que a presença dele ali fora motivada por algum tipo de queixa e, uma vez que ela ocupava o lugar do seu meio-irmão, correspondia-lhe dar a cara.

– Sim.

– Quero dizer-lhe uma coisa em privado.

Lily sentiu a tentação de lhe dizer que se enganara na pessoa, mas alguma coisa lhe dizia que a raiva daquele homem tinha origem em alguma atitude do seu meio-irmão.

– Está bem – disse. – Mas terá de ser breve. Como vê, estou a meio de uma sessão fotográfica.

O olhar de desprezo que lhe dedicou fê-la recuar um passo antes de passar ao seu lado e atravessar a porta que ele segurava.

O estúdio ficava num edifício antigo, portanto, a porta era suficientemente grossa para que não pudessem ouvi-los do outro lado. Permaneceram no patamar e ela manteve as costas contra a porta. Estavam tão perto um do outro que não tinha escapatória. Ele bloqueava-lhe as escadas.

– Talvez lhe pareça antiquado e machista – começou, – mas descobrir que é uma mulher quem se ocupa de proporcionar carne fresca a outros para seu benefício económico parece-me particularmente repugnante. Mas está claro que você é essa mulher, uma mulher que vive da vaidade e da ingenuidade de jovens, aos quais dá falsas esperanças e sonhos vazios.

Lily observou-o, desconcertada com uma mistura de repulsa perante a imagem que tinha invocado e de raiva por se ver acusada de um comportamento tão baixo. Por um instante, ponderou a possibilidade de se tratar de um homem desequilibrado, mas descartou a ideia.

Afastou o cabelo da cara no seu gesto habitual de insegurança.

– Não sei ao que se refere, mas acho que se enganou.

– Você é fotógrafa e aproveita-se da vulnerabilidade dos jovens, prometendo-lhes uma vida que sabe que acabará por os destruir.

– Isso não é verdade – defendeu-se Lily, embora com pouca convicção.

Afinal de contas, a descrição daquele homem era muito semelhante ao que ela mesma sentia pelo mundo da moda.

Respirou fundo para o confessar, mas ele adiantou-se em tom depreciativo:

– Não tem vergonha? Não sente a mínima culpa?

Culpa! Aquela palavra foi como um dardo envenenado que acertou em cheio nas suas lembranças mais obscuras. Tinha de se afastar daquele homem. O pânico que sentiu fê-la desejar desaparecer. Mas não tinha escape.

– Pretende arrastar o meu sobrinho Pietro para um mundo de crueldade e corrupção, no qual uns quantos beneficiam economicamente explorando a carne e a beleza da juventude.

O seu sobrinho? O coração de Lily acelerou. Cada palavra que o homem pronunciava abria uma ferida nas suas emoções agitadas.

– Não sei quantos jovens foram vítimas das suas promessas de fama e riqueza, mas garanto-lhe que o meu sobrinho não será um deles. Felizmente, contou à família que o tinham enganado, prometendo-lhe trabalho e dinheiro como modelo.

Lily sentiu a boca seca. Aquele era um aspecto do trabalho do seu pai que sempre lhe tinha desagradado: a falta de escrúpulos com que alguns se aproveitavam dos sonhos dos jovens modelos. E ser acusada de agir dessa maneira deixou-a tão paralisada que não pôde defender-se.

– Aqui tem o seu dinheiro – o homem deu-lhe com brusquidão um punhado de notas. – É dinheiro manchado de sangue. A quantos predadores pensava apresentá-lo na festa a que iriam depois da sessão? Não se incomode em responder. Suponho que ao maior número possível. Não é a isso que se dedica?

Rick tinha convidado um rapaz para uma festa? Lily sentiu um aperto no coração. Rick era muito sociável e era normal que fosse beber um copo depois do trabalho. Além disso, era a Semana da Moda e Milão estava cheia de profissionais do mais alto nível. Embora também dos do mais baixo. Do tipo que...

Um calafrio de asco percorreu-a ao mesmo tempo que o pânico fez com que começasse a suar. O coração bateu-lhe no peito com força. Precisava de apanhar ar fresco. Precisava de fugir do passado ao qual aquele lugar e aquele homem a tinham devolvido.

– As pessoas como você repugnam-me. Talvez exteriormente possua o tipo de beleza que faz com que os homens olhem para si, mas não passa de um disfarce com o qual esconde o seu interior podre.

Se não apanhasse ar fresco desmaiaria. «Pensa noutra coisa», pensou. «Concentra-te no presente.» O esforço mental fê-la cambalear levemente. O homem aproximou-se para a amparar. A sua mente sabia que era essa a intenção dele, mas o seu subconsciente enviou-lhe uma mensagem diferente que a levou a gritar:

– Não me toque!

A reacção foi automática, surgiu do mais íntimo do seu ser, enquanto tentava que lhe largasse o pulso. Mas ele puxou-a para ele.

Lily esperou sentir as náuseas habituais e o terror, mas, para sua surpresa, os seus sentidos transmitiram-lhe uma sensação fora do comum.

Seria possível que, em vez de a repugnar, a frescura do perfume misturada com o cheiro quente da pele do homem lhe despertasse o impulso de se aproximar ainda mais dele? Porque é que a força do corpo dele lhe transmitia bem-estar, como se o seu corpo o desejasse em vez de o recear? Sentia-se como se, tal como Alice no País das Maravilhas, tivesse atravessado uma porta por trás da qual havia um mundo inesperado. Tão imprevisível como descobrir a sua própria mão apoiada sobre o peito do desconhecido.

A urgência de se afastar dele aumentou. Já não por medo dele, mas por medo do impacto que lhe tinha causado.

Nos olhos do desconhecido viu uma expressão de incredulidade irada.

– Largue-me!

A ordem, um eco do passado para ela, teve um efeito fulminante nele e a sua expressão peculiar foi substituída por uma de raiva.

Lily tinha menos medo da raiva porque os tornava inimigos, embora intuísse que ele não estava habituado a que as mulheres o rejeitassem. Os olhos dele eram como um vulcão perigoso de ouro líquido que se cravavam nela. Lily sentia uma corrente de sensações que se propagava por todo o seu corpo. Era inconcebível que se tratasse de desejo sexual. Como poderia desejar um desconhecido que mostrava tal desprezo por ela? Como podia ter-lhe causado tamanho impacto que tinha conseguido emudecê-la, impedindo que lhe explicasse como estava enganado a respeito dela?

Ele largou-a bruscamente e afastou-a. Deu meia volta e desceu as escadas, enquanto ela inspirava profundamente e agarrava a maçaneta da porta com dedos trémulos.

Estava a salvo no estúdio. Só ela sabia que já não voltaria a sentir-se segura. Em poucos segundos um homem tinha conseguido rebentar a bolha protectora dentro da qual se sentia a salvo dos homens. Agarrada por ele, sentira a despertar um desejo que destruíra tudo o que pensava de si mesma, deixando aflorar uma vulnerabilidade que jurara nunca mais voltar a sentir. Fora atravessada por um raio cuja origem preferia desconhecer e em cujas consequências preferia não pensar.

Aturdida, obrigou-se a voltar para o trabalho.

– O que aconteceu? – perguntou-lhe a estilista.

– Nada. Houve uma confusão.

Confusão em que ela ficou sumida. Pegou na máquina fotográfica com as mãos trémulas. Entre as suas primeiras lembranças estava a de se sentir segura atrás da máquina fotográfica do seu pai quando brincava no estúdio dele, onde tantas vezes a deixavam sozinha em criança porque tanto ele como a sua mãe estavam demasiado ocupados para lhe prestarem atenção. A máquina fotográfica sempre fora um símbolo de segurança para ela, como um manto que lhe permitisse tornar-se invisível. Mas, daquela vez, não lhe servia de nada e, em vez de ver a modelo, via o homem que acabava de destruir as suas barreiras defensivas.

Fechou os olhos e voltou a abri-los. Na verdade, o acontecido fora algo passageiro. Uma tempestade, mas já se dissipara e ela voltava a estar a salvo.

Ou não?

Um toque do telemóvel informou-lhe que tinha chegado uma mensagem. Abriu-a e viu que era de Rick, a anunciar-lhe que lhe tinha surgido uma oportunidade magnífica e que ia a Nova Iorque para continuar a negociá-la. É verdade, acrescentava no fim, o estúdio está reservado em teu nome. Importas-te de o pagar por mim?

Lily endireitou-se e afastou o cabelo da cara. Aquela era a sua vida real e não o que acabava de acontecer. Uma história que não significava nada e que devia esquecer como se nunca tivesse acontecido.

Que tivesse tropeçado não significava que tivesse caído no abismo pelo mero contacto com um desconhecido atraente.

Tinha muito trabalho para fazer, não o relacionado com ajudar Rick, mas o que verdadeiramente lhe importava. A sua viagem a Milão não tinha nada a ver com modelos, nem com a moda, ela tinha um lugar próprio no mundo, no qual nunca admitiria nenhum homem que lhe fizesse sentir o que não queria.

Marco fez sinal com a cabeça à sua secretária, enquanto lhe passava alguns documentos que acabava de assinar, enquanto a sua mente continuava ocupada com a conversa que tinha tido com a sua irmã. Ela queria que contratasse Pietro assim que acabasse a universidade, esperando que com os anos o seu filho viesse a fazer parte da direcção do negócio da família, o qual incluía um vasto e diversificado império erigido por sucessivas gerações de homens de negócios e nobres Lombardi.

A contribuição de Marco para a fortuna familiar fora a aquisição de um banco que o tornara milionário aos trinta anos. Já com trinta e três anos, dedicara os seus interesses e a sua capacidade intelectual mais ao passado do que ao futuro, em particular ao legado artístico acumulado ao longo dos anos pela sua família e por outras que, tal como a sua, se dedicavam ao mecenato.

Marco nunca tinha conseguido descobrir de que lado da família a sua irmã mais velha herdara a intensidade emocional. Os seus pais, já falecidos, sempre se tinham mostrado formais e distantes, e tinham deixado os filhos aos cuidados das amas. A sua mãe nunca fora particularmente carinhosa e Marco podia contar pelos dedos as vezes que o tinha beijado ou abraçado. Isso não significava que recordasse ressentidamente a sua infância. De facto, o espaço pessoal e a privacidade eram essenciais para ele.

Mesmo assim, entendia a preocupação que a sua irmã sentia por Pietro, por mais que lhe custasse compreender e perdoar que o seu sobrinho estivesse disposto a aceitar dinheiro por um suposto trabalho como modelo. Em defesa dele, a sua irmã aduzia que o pobre filho se via exposto a fazer aquelas coisas porque a mesada que recebia de Marco era insuficiente. Isso não tinha impedido que a sua irmã lhe agradecesse por ter ido falar com a pessoa que seduzira o filhinho. Afinal de contas, ambos sabiam o que podia acontecer a um jovem inocente se fosse apanhado nas teias sórdidas do mundo da moda.

Marco dirigiu o olhar para a fotografia que tinha sobre a secretária. Olivia, a mulher retratada, parecia muito jovem. A fotografia fora tirada quando tinha dezasseis anos. A cara iluminava-se com um sorriso tímido e o cabelo escuro e encaracolado caía-lhe pelos ombros. Era a imagem da inocência e da honestidade. A formosura era a de uma flor antes de abrir. Mas esse momento nunca tinha chegado porque Olivia não tivera a oportunidade de alcançar a maturidade. Marco sentiu a raiva a ferver no seu interior e mais ainda quando o seu aborrecimento se misturou com uma pontada inesperada de desejo sexual ao passar-lhe pela mente a imagem de uma mulher que representava tudo aquilo que desprezava.

Tinha de ter sido uma fraqueza passageira. Uma consequência, certamente, de a sua cama estar vazia há quase um ano.

Levantou-se e foi até à janela. Embora não gostasse de viver na cidade, tinha um apartamento em Milão que usava também como escritório. Mas, se tivesse de escolher entre todas as propriedades que possuía, ficaria com o castelo construído por um dos seus antepassados, famoso por ser um grande coleccionador de arte.

Marco tinha hesitado inicialmente quando a Fundação para a Conservação do Património Britânico entrara em contacto com ele para que colaborasse na organização de uma exposição dedicada à influência italiana na arquitectura e na arte britânicas, mas, quando lhe tinham explicado o projecto em detalhe, decidira participar e acabara por se envolver tanto que se oferecera para acompanhar a especialista da Fundação a visitar as casas onde se seleccionariam as peças mais interessantes para a exposição.

A doutora Wrightington visitaria as casas com ele e a excursão começaria com uma recepção de boas-vindas em Milão, depois da qual iriam ao Lago Como.

Marco não sabia nada da doutora Wrightington, excepto que tinha dedicado a tese de doutoramento à relação histórica entre a Itália e a Grã-Bretanha, resultante do mecenato de artistas de Roma e de Florença por parte de famílias inglesas que, para além de comprarem obras, voltavam para Inglaterra com o desejo de reproduzir o estilo arquitectónico e o desenho italiano nas suas mansões.

A excursão acabaria numa das suas mansões, o Castelo di Lucchesi, na Lombardia.

Marco olhou para o seu relógio simples, cuja elegância falava por si só do estatuto do seu dono, reconhecível por qualquer um do mesmo círculo. Faltava uma hora para a recepção em honra da doutora Wrightington, que se celebraria na mansão originalmente dos Sforza, duques de Milão, aberta ao público e transformada numa galeria de arte há algum tempo.

A sua família e os Sforza tinham sido aliados ao longo dos séculos, numa aliança benéfica para ambas as famílias.

CAPÍTULO 2

Lily percorreu pela última vez com o olhar o seu quarto impessoal de hotel. Já fizera a mala e estava pronta para partir, embora o táxi ainda demorasse meia hora a chegar.

O seu olhar fixou-se na inscrição gravada na sua mala: Doutora Wrightington. Mudara de apelido ao fazer dezoito anos para evitar ser associada aos seus famosos pais e adoptara o apelido de solteira da sua avó materna. Embora já tivesse passado mais de um ano desde que obtivera o título, cada vez que o via escrito sentia um prazer especial.

Rick não compreendia o tipo de vida que voltara escolhido, porque as lembranças que guardava do pai não se pareciam em nada com as dela.