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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Kathryn Ross

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Entrevista a um sedutor, n.º 1345 - julho 2018

Título original: Interview with a Playboy

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-528-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

– Ena, olha quem acabou de entrar na recepção – murmurou Marco Lombardi, com evidente satisfação.

John, o seu contabilista, desviou o olhar dos relatórios financeiros complexos que estavam a examinar e seguiu a direcção do olhar do seu chefe para os monitores de segurança.

– Não é a repórter que anda há alguns dias a rondar o edifício Sienna? – perguntou, com o sobrolho franzido.

– Claro que é – Marco sorriu. – Mas não te preocupes, John. Está aqui porque foi convidada.

– Convidada? – repetiu John, assombrado. – Vais deixá-la entrevistar-te?

– Algo do género.

– Mas tu odeias a imprensa… Nunca dás entrevistas!

– Isso é verdade, mas reconsiderei a minha atitude.

John olhou para o seu chefe com uma expressão de incredulidade. Marco Lombardi sempre preservara zelosamente a sua privacidade e, desde que se divorciara, há dois anos, a sua atitude com a imprensa endurecera ainda mais.

No entanto, convidara a jornalista que, na sua opinião, mais problemas podia causar-lhe. Estava sempre a farejar. Onde quer que Marco fosse, aparecia a menina Keyes, a fazer perguntas sobre a sua aquisição da empresa de produtos de confeitaria Sienna, um acordo supostamente secreto e que estava nas últimas fases delicadas de negociação. Tratava-se de um acordo perfeitamente legal, mas aquela mulher fazia-o sentir que estavam a fazer uma coisa ilegal.

– E… porquê? – perguntou John finalmente, consciente de que Marco Lombardi era um homem conhecido pela sua astúcia.

– Devemos manter os amigos por perto e os inimigos ainda mais perto – respondeu Marco.

John voltou a olhar para o monitor e viu que Isobel Keyes olhava com impaciência para o seu relógio.

– A que horas é a entrevista? Queres que leve todos estes papéis para outro escritório?

– Não. A menina Keyes pode esperar. Já foi bastante sortuda por receber este convite, por isso vamos seguir em frente com o nosso trabalho.

– Ah! – John pareceu compreender a estratégia. – Vais mantê-la distraída até o acordo ser fechado, não é?

– Mais do que distraída, vou mantê-la ocupada – Marco sorriu. – E agora, vamos concentrar-nos no trabalho.

John não conseguiu evitar sentir uma pontada de compaixão pela jovem jornalista que esperava lá fora com o seu fato formal. Provavelmente, estava a sentir-se muito satisfeita consigo própria por ter conseguido uma entrevista com o multimilionário. Mas não tinha a menor oportunidade se tencionava usar o seu engenho contra Marco Lombardi.

 

 

Isobel não estava nada satisfeita com aquela situação. Há uma hora, estivera prestes a descobrir com exactidão o que estava a acontecer com a empresa Sienna. Conseguira uma entrevista com um dos principais accionistas da Sienna, mas fora cancelada e a sua editora ordenara-lhe que esquecesse o assunto.

– Tenho uma coisa melhor para ti – dissera Claudia, com evidente animação. – Acabei de receber uma chamada do director. Embora seja difícil de acreditar, Marco Lombardi aceitou conceder uma entrevista exclusiva ao Daily Banner.

Isobel ficara espantada. Tentara entrevistar Marco Lombardi várias vezes e nunca conseguira passar pela sua secretária.

– Vai falar-me dos seus planos para comprar a Sienna? – perguntou, esperançada.

– Esquece o aspecto profissional da história, Isobel. O que queremos é saber sobre a vida pessoal do senhor Lombardi, saber o que realmente houve por trás do seu divórcio. Essa é a história que os leitores querem e será um bom negócio para o jornal.

As palavras «cortina de fumo» surgiram na mente de Isobel. Sabia que a maioria dos jornalistas se teria sentido extasiado face à possibilidade de conseguir uma entrevista com o italiano atraente. Mas ela era uma jornalista séria, não uma simples transmissora de mexericos. Não queria fazer uma entrevista em profundidade sobre a vida amorosa de Marco! Queria escrever sobre os negócios que havia em jogo.

Na sua opinião, o seu jornal fizera um acordo com o diabo. Como de costume, as considerações comerciais tinham sido mais importantes do que qualquer outro argumento.

– Já pode subir, menina Keyes – disse a recepcionista, com um sorriso. – O escritório do senhor Lombardi é no andar superior.

Aleluia!, pensou Isobel, com ironia, enquanto olhava para o seu relógio. Estava à espera há uma hora e tinha a certeza de que fora de propósito.

Tentou acalmar-se enquanto subia no elevador. Não tinha outra opção senão esquecer os seus princípios e oferecer ao jornal o artigo que lhe pediam, por muito que a enfurecesse fazê-lo. Marco era o tipo de homem que desprezava, capaz de fazer o que queria sem ponderar as consequências. E ela tinha mais motivos para o saber do que a maioria, porque aquele fora o homem que comprara a empresa do seu avô há onze anos, uma empresa que fora desmantelada sistematicamente, partindo o coração do seu avô no processo.

No que lhe dizia respeito, Marco Lombardi era apenas um enganador desumano. E não entendia porque se especulava tanto sobre o seu divórcio. Para ela, era evidente porque acabara com a sua esposa: sempre fora um mulherengo. Na verdade, todos tinham ficado espantados quando anunciara que ia casar-se. E, desde o seu divórcio, fora fotografado pela imprensa com uma mulher diferente todas as semanas . De facto, alguns sectores da imprensa chamavam-lhe playboy.

Quando se abriram as portas do elevador, Isobel respirou fundo e, como sempre, recordou-se que não podia permitir que uma série de ideias preconcebidas toldasse o seu julgamento.

– Por aqui, menina Keyes – uma secretária abriu a porta de um escritório com uma vista panorâmica magnífica de Londres.

Mas não foi a vista que atraiu a atenção de Keyes, foi o homem sentado atrás da grande secretária que dominava o escritório.

Ouvira falar tanto dele ao longo dos anos que, ao ver-se à frente do seu inimigo, se sentiu ligeiramente nervosa.

Marco estava concentrado nos papéis que tinha sobre a mesa e não olhou para Isobel enquanto se aproximava da secretária.

– Ah, a menina Keyes, suponho – murmurou, distraído, como se quase não se apercebesse da sua presença. A sua pronúncia do inglês era perfeita, mas Isobel percebeu com preocupação que o seu sotaque italiano aveludado estava carregado de sensualidade.

Vestia uma camisa branca que deixava ver o seu pescoço forte. O branco da camisa contrastava com o tom moreno da sua pele e os pêlos pretos que a cobriam.

Quando parou à frente da secretária e os seus olhares se encontraram, o seu coração acelerou.

Marco Lombardi era um homem muito atraente, pensou. A sua estrutura óssea forte conferia-lhe uma aura de determinação e poder, mas eram os seus olhos que a cativavam. Eram os olhos mais espantosos que alguma vez vira: escuros, sedutores e extraordinariamente intensos.

Não entendia porque estava tão surpreendida, há muito tempo que sabia que era um homem atraente. A sua fotografia não parava de aparecer na imprensa e as mulheres não paravam de falar de como era bonito. Mas ela sempre pensara que a falta de ética toldaria a possível beleza de qualquer pessoa e era por isso que a perturbava tanto sentir-se tão… hipnotizada.

– Sente-se e fique à vontade – disse Marco, enquanto apontava para a cadeira que havia à frente da sua secretária.

Isobel sabia que estava a lançar-lhe um olhar de indiferença brincalhona, coisa que não podia surpreendê-la. Sabia muito bem que nunca poderia estar à altura das mulheres que atraíam Marco. Para começar, a sua ex-esposa era uma actriz e era vista como uma das mulheres mais bonitas do mundo, enquanto ela era uma rapariga do campo. O seu vestido era profissional, a sua figura era excessivamente curvilínea e tinha o cabelo preto e comprido, embora brilhante e bem cortado, afastado do rosto num penteado puramente prático.

Mas aquele era o seu estilo. Não queria mostrar-se excessivamente feminina. Queria fazer o seu trabalho e ser tratada com seriedade. E não tinha nenhum interesse em atrair homens como Marco, disse-se com firmeza. O seu pai fora um mulherengo e ela sabia como aquilo podia devastar a vida de quem os rodeava.

Aquela lembrança ajudou-a a voltar à realidade.

– Aparentemente, teve sucesso no seu afã de distrair a atenção da oferta que fez para adquirir a Sienna, senhor Lombardi – disse, num tom decidido, enquanto se sentava.

– A sério? – perguntou ele, com ironia, surpreendido com o tom frio e profissional de Isobel. A maioria das mulheres seduzia-o. Mesmo quando se mostravam profissionais suavizavam as suas perguntas com um excesso de sorrisos.

– Sabe muito bem que sim – respondeu Isobel. – E ambos sabemos que esse foi o único motivo por que decidiu conceder esta entrevista.

– Parece muito certa do que diz.

– Estou – Isobel ergueu levemente o queixo. – Vi o seu contabilista nos escritórios da Sienna esta manhã.

– O meu contabilista é um agente livre, pode ir onde quiser.

– Vai para onde o envia – replicou Isobel.

Marco não reparara nos seus olhos até àquele momento. O seu brilho batalhador fazia com que brilhassem como esmeraldas. Observou atentamente o seu rosto. Ao princípio, pensara que rondava os trinta anos, mas o que se passava era que a sua forma aborrecida de vestir fazia com que parecesse mais velha. Na verdade, devia ter pouco mais de vinte e um anos. Também tinha uma pele bonita. Podia ser atraente se se esforçasse mais com o seu aspecto. Nenhuma mulher italiana se teria deixado ver com uma blusa como aquela… Sobretudo, abotoada até ao pescoço! Tinha uma cintura pequena e parecia muito bem dotada.

Isobel questionou-se porque estaria a olhar para ela assim. Era quase como se estivesse a ponderar a sua beleza. Aquele pensamento fez com que corasse, o que era absurdo, sobretudo tendo em conta que não gostava de Marco Lombardi. Não se interessaria por ele, nem que fosse o último homem à face da Terra, e sabia muito bem que ele nunca se interessaria por ela.

– Tenta dizer-me que não está interessado em comprar a Sienna?

Marco sorriu. Admirava a tenacidade de Isobel, mas já era hora de a travar.

– Deduzo que tenta transformar isto numa entrevista de negócios – murmurou.

– Não! – Isobel acalorou-se ainda mais ao imaginar a confusão que haveria no jornal se ignorasse o seu trabalho. – Só queria dizer que… sei o que está a acontecer.

Marco voltou a sorrir enquanto pegava no telefone.

– Deidre, faz com que a minha limusina esteja à espera lá fora dentro de dez minutos.

Isobel sentiu que o seu coração acelerava.

– Vai mandar-me embora por me ter atrevido a interrogá-lo sobre um assunto de que não quer falar? – perguntou, obrigando-se a olhar para Marco, embora por dentro se sentisse repentinamente aterrorizada.

Se cometesse um erro naquela entrevista podia ficar sem trabalho! O jornal estava desesperado por obter um exclusivo. De facto, todos os jornais estavam desesperados por conseguir uma entrevista com Marco. O seu prestígio como repórter podia ser manchado se cometesse um erro. Além disso, precisava daquele trabalho para pagar a hipoteca elevada que pedira depois mudar de apartamento no ano anterior.

– Serei sincera consigo, senhor Lombardi. A verdade é que preferia fazer uma entrevista de negócios, porque é isso que faço. Sou especializada em assuntos económicos, mas o Daily Banner enviou-me aqui porque fez um acordo consigo para que lhes conte uma história exclusiva sobre a sua vida pessoal. Portanto, o que lhe parece? Se não conseguir este artigo… bom…

– Teria problemas – concluiu Marco por ela e, depois, sorriu. – E por isso está disposta a ficar à minha mercê, não é, menina Keyes?

– Suponho que sim – respondeu Isobel, tentando manter a calma.

Marco arqueou uma sobrancelha com uma expressão brincalhona.

– Trouxe o seu passaporte?

– O meu passaporte? – repetiu Isobel, perturbada. – Porque havia de precisar dele?

– Ofereci um exclusivo sobre a minha vida ao seu jornal, menina Keyes, e costumo viajar muito – enquanto falava, Marco começou a guardar numa pasta os papéis que tinha sobre a secretária. – Amanhã tenho reuniões em Itália e em Nice e vou-me embora dentro de uma hora. Portanto, se quiser a sua história, terá de vir comigo.

– Ninguém me disse isso! Sabia que ia convidar-me para sua casa, mas…

– E estou a fazê-lo. A minha casa é no sul de França.

– Mas também tem uma aqui, em Kengsinton, não é?

– Também tenho casas em Paris, Roma e Barbados, mas estou instalado na Riviera.

– Compreendo – Isobel teve de se esforçar para conter o pânico repentino que estava a apropriar-se dela. – Infelizmente, não preparei as malas para uma viagem a França e não trouxe o passaporte.

Marco esteve prestes a ter piedade dela, mas não o fez. Isobel Keyes era uma jornalista e, no que lhe dizia respeito, os jornalistas eram as piranhas que se alimentavam da vida dos outros.

– Nesse caso, receio que tenha um problema, não é? A sua editora sentir-se-á muito decepcionada.

Isobel ficou pálida.

– Se pudesse passar pelo meu apartamento antes de ir para o aeroporto só demoraria quinze ou vinte minutos a fazer as malas – sugeriu, desesperada.

– Não posso perder vinte minutos – disse Marco, enquanto se levantava para pegar no seu casaco. – Mas, como gesto de boa vontade, posso oferecer-lhe cinco.

Ao perceber a expressão divertida do seu olhar, Isobel compreendeu que em nenhum momento tivera intenção de a deixar para trás. Estava a brincar com ela como um gato brincaria com um rato antes de o matar.

De repente, quis estar a mil quilómetros dele… pois receava que aquilo não augurasse nada bom para a sua entrevista.

– Podemos ir assim que estiver pronta – disse Marco, num tom impaciente, ao ver que não se levantava.

Isobel levantou-se rapidamente. Que outra coisa podia fazer senão o que ele queria?