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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Natalie Anderson

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Entre os lençóis do italiano, n.º 1008 - julho 2017

Título original: Between the Italian’s Sheets

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-292-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

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Capítulo Um

 

A arrogância personificada. Emily olhou para ele, cada vez mais furiosa. Ele estava mesmo à frente dela, tão alto como um jogador de basquetebol e de ombros tão largos como um de rugby, tapando-lhe completamente a vista, exigindo toda a sua atenção.

«Que típico».

Como se não bastasse, tinha um daqueles telemóveis com música, ligação à Internet, câmara… E cada vez que tocava num botão ouvia-se um apito. Muito alto. Aquilo estava a incomodá-la, principalmente porque a ópera ia começar. Tossiu.

Tinha passado o último ano a trabalhar como uma louca e a poupar até ao último cêntimo para viajar com a sua irmã até à Itália e à sua fabulosa Ópera. E não ia permitir que um estúpido egoísta, que achava que a sua vida social era mais importante do que o espectáculo, arruinasse aquele momento. Tossiu de novo.

Ele virou-se durante uma fracção de segundo e olhou para ela, mas continuou a carregar nas teclas. A orquestra calou-se e o oboé emitiu a nota para que os outros instrumentos se afinassem. Mas isso também não o deteve. A pureza do som foi conspurcada pelos apitos do seu telemóvel.

A qualquer momento, o maestro seria recebido com aplausos. Os apitos não eram aplausos. Nem ele era transparente.

Emily fixou o olhar furioso naquelas costas e tossiu uma vez mais. Observou os largos ombros enquadrados pelo casaco à medida, a mão que descansava na anca, afastando o casaco para trás e enfatizando a cintura e as ancas estreitas. A sua camisa branca e as calças pretas escondiam músculos consideráveis e nada de gordura. Ela tinha-o visto a subir dos lugares mais caros. Aquele homem não passava desapercebido: era mais alto do que quase todo o público, vestia impecavelmente, era bonito e sofisticado naquele local cheio e abafado. Certamente teria subido para não incomodar a elite com quem se encontrava: faria os seus negócios nos lugares mais baratos, incomodando os plebeus.

Um vendedor passou junto a eles, apregoando a sua mercadoria uma última vez antes de começar o espectáculo:

– Bebidas! Água! Coca-cola! Vinho branco! Vinho tinto! Bebidas…

Ela era capaz de beber tudo. Estava com muita sede. E estava irritada. Tossiu.

Por que Kate demorava tanto? Era mesmo típico da sua irmã mais nova ter que ir à casa de banho exactamente quando a ópera ia começar. Naquele teatro antigo havia poucas casas de banho e estavam cheias. Enquanto isso, ela tinha sede e queria que a coluna de mais de um metro e oitenta que lhe tapava o palco se movesse. E foi o que ele fez. Virou-se com o telemóvel à sua frente. O brilho do seu sorriso cegou-a mais do que o repentino disparar do flash.

– Agora está a tirar fotos? – perguntou.

– Sim – respondeu ele, sorridente. – Preciso de um novo fundo de ecrã para o meu telefone. E esta vista é espectacular, não acha?

– Acho que as vistas estão por trás de si: o palco, a orquestra…

– Engana-se. A beleza da noite encontra-se à minha frente.

Guardou o telemóvel no bolso enquanto olhava para ela com ar de verdadeiro desafio que a fez estremecer dos pés à cabeça e aquecer as suas zonas mais secretas. Estupidamente, desejou estar vestida com algo mais glamouroso do que o seu modesto conjunto de saia e t-shirt de algodão.

Tossiu, em parte por causa dos nervos, mas também porque tinha qualquer coisa na garganta.

Viu que ele falava com um vendedor e, momentos depois, aproximou-se dela e estendeu-lhe a garrafa de água que acabava de comprar.

– Para a sua garganta – anunciou ele com evidente gozo, entregando-lhe a garrafa.

Que fazer? Agir como uma diva chateada? Mas ele já guardara o telefone e estava a sorrir. E tinha um sorriso bonito.

– Obrigada – disse, censurando-se mentalmente por estar sem fôlego.

Ele sentou-se ao seu lado.

– Está com vontade de ver a ópera?

– Sim.

Onde estava Kate? Por que demorava tanto o maestro? O tempo estava a pregar-lhe uma partida e o instante mais fugaz tinha-se convertido em anos.

– É das boas. Representam-na todos os anos neste palco.

– Eu sei.

Tinha-o lido nos guias de viagem que devorava na biblioteca. Embora naquele momento os seus olhos estivessem a devorar algo mais. Tão de perto, ele era ainda mais espampanante. Enquanto à distância chamava a atenção pela sua presença física, de perto era a sua expressão o que cativava.

Era alto, moreno, bonito. O típico italiano de feições impecáveis. Mas tinha outras coisas: o queixo forte e anguloso com uma leve sombra escura, a boca carnuda, contrastando com as maçãs do rosto salientes… Seriam os seus lábios tão suaves como pareciam? Quentes ou frescos? Pareciam tremendamente apetitosos.

Competindo com os lábios pelo primeiro local estavam os seus olhos: cor de chocolate amargo, emoldurados por pestanas longas e espessas. E no centro, uma certa dureza, um verdadeiro «não passar» que despertou a curiosidade de Pandora em Emily.

– Não vai beber?

Ele não parecia chateado com o escrutínio. Estava até satisfeito por estar ali sentado a estudá-la atenciosamente.

Emily lembrou-se da garrafa e ficou espantada pela água não estar transformada em vapor. A água não fervia debaixo daquelas mãos ardentes?

– Deveria beber – comentou ele com naturalidade. – Parece sedenta.

Aquele sorriso rompia a arrogância dos seus traços uma vez mais. Amplo, sensual, e a emoldurar uns dentes brancos e direitos. Tinha tudo! O corpo de um atleta e os traços de um amante sensual.

Ao seu redor, muita gente do público estava a comer das suas próprias cestas. A maioria eram casais, o aroma do amor enchia a atmosfera.

Ele olhou para o seu saco de pano, vazio.

– Não trouxe um lanche? Nem um namorado com quem partilhar a música e a magia desta noite?

– Vim com a minha irmã, que foi procurar uma coisa – defendeu-se Emily.

– Ah, com a sua irmã – disse ele em tom crítico.

Para fazer alguma coisa e deixar de olhar para ele, Emily abriu a garrafa de água.

– De onde é? – inquiriu ele.

Era evidente que a considerava estrangeira. Tinha-lhe falado em inglês desde o primeiro momento. Emily imaginou que se devia à sua roupa de viagem, barata e sem estar passada a ferro. Ela não era uma italiana na moda.

– Da Nova Zelândia – respondeu, levantando o queixo com orgulho.

Ele olhou para ela surpreendido.

– É uma longa viagem. Não estranho que esteja desejosa de ouvir música.

– Sim, há anos que desejo vir.

Era a sua viagem de sonho. E, uma vez ali, queria comprovar se Itália era o país quente e sensual que ela imaginara. A ópera era o que convencia Kate a deter-se ali a caminho de Londres.

Se Emily tivesse dinheiro e oportunidade, viajaria até Veneza, Florença, Roma… a todo o lado. Tinha visto várias vezes todos os filmes italianos do clube de video onde trabalhava. Até tinha aprendido algumas frases para poder falar um pouco. Contemplou o palco, com as luzes acesas e a orquestra à espera em silêncio. Era um sonho tornado realidade.

Dissipou-se a irritação e bebeu da garrafa, um gole longo que terminou com um suspiro de satisfação.

Dedos fortes mas delicados agarraram-lhe no queixo e fizeram com que olhasse para ele. Perplexa, ela deixou-se ir, absorvendo em silêncio a intensidade do seu rosto. E de repente, só existiu o dedo dele a percorrer-lhe com cuidado o lábio inferior, enxugando-lhe as gotas de água.

– Que sedenta… – comentou ele suavemente.

Aqueles dedos a acariciá-la acordaram-lhe um gozo sublime e o desejo travesso de tirar a língua e saboreá-lo.

O público esperava, em silêncio, mas aquilo não era nada comparado com a expectativa que a embargava. Não queria que ele rompesse aquele delicioso contacto. Desejava mesmo algo mais intenso. Que loucura. Não podia querer que um estranho a beijasse, não é? Que pousasse os seus lábios onde o seu dedo a estava a acariciar…

Pois sim. Ela, que nunca tinha sido adepta de aventuras amorosas, e menos ainda de histórias de uma noite, estava desconcertada pelo seu desejo de ir para a cama com ele e de lhe deixar fazer o que ele quisesse, ali mesmo e naquele momento, num teatro cheio a transbordar.

Caiu-lhe a garrafa no banco ao lado.

– Dá-se conta que está prestes a começar? – murmurou.

Ele semicerrou os olhos, escondendo o seu brilho.

– Que lhe faz pensar que não começou já?

Céus… Os dedos dele afastaram-se da sua boca, mas roçaram-lhe a perna quando agarraram na vela de que ela se tinha esquecido completamente. Instintivamente, todos os músculos internos ficaram tensos. A onda de sensações foi algo novo, embriagador e maravilhoso. Ele olhou-a nos olhos, sabia que a estava a afogar num desejo inesperado e pouco habitual.

– Acendamo-la, está bem? – propôs, tirando um isqueiro do bolso.

A chama iluminou calidamente o seu rosto. Emily ficou a olhar fascinada para o seu queixo em tensão, a sua boca firme, o brilho do seu olhar.

 

 

Luca obrigou-se a afastar-se daquele olhar cativante e concentrou-se em acender a vela. Mas, quando lha estendeu, ela não se mexeu: estava sentada como uma estátua, olhando para ele com os seus enormes olhos verde-azulados. Luca não pôde deixar de sorrir enquanto mudava a vela de mão e lhe agarrava na sua com a que ficava livre. Céus, ela era uma beleza. Cabelo cor de mel e figura de curvas suaves. Vestia uma t-shirt verde-claro que lhe realçava os olhos. Reparara nela ao subir as escadas em busca de melhor rede para o seu telemóvel. Depois, tinha-se divertido com os seus métodos tão pouco subtis para expressar que a estava a incomodar. Tinha-se alongado a mandar a sua mensagem, só para ver a reacção dela. E então, tinha que capturar aquele olhar fulminante.

«Irresistível».

Notou que ela estremecia, apertou os dedos instintivamente e passou-lhe a vela acesa. Por um instante que lhe pareceu eterno, seguraram juntos na vela. Gostou de sentir a mão dela sob a sua. Gostaria de sentir mais aquele corpo.

– Deveria ter um namorado com quem ir à ópera – assinalou.

Se fosse ele, abraçá-la-ia pelos ombros e apertá-la-ia contra o seu peito.

– E você também – respondeu ela, sustentando-lhe o olhar.

– É verdade. Infelizmente, tenho outros convidados para entreter – informou, encolhendo os ombros com impotência. – Mas, num universo paralelo, ficaria aqui com você.

– Com uma estranha? – brincou ela, com uma certa timidez e galanteio.

– Não seríamos estranhos durante muito tempo.

Os olhos dela brilharam de desejo e escapou-lhe um grito afogado. Sim, ele queria dizer exactamente isso: unir-se-iam pele com pele até ficarem satisfeitos. Era realmente uma loucura. Desde quando se sentava ao lado de uma estranha, lhe agarrava na mão e fantasiava sobre tê-la nos seus braços? Desde quando achava que poderia sentir-se satisfeito através da ligação com outra pessoa? As pessoas, os relacionamentos, não lhe interessavam. Só o trabalho podia proporcionar-lhe satisfação.

Ela corou, mas sustentou-lhe o olhar.

– Que pena que não existam universos paralelos.

– É verdade. Mas há sempre um amanhã.

A audiência aplaudiu furiosamente. Luca piscou os olhos e a bolha desvaneceu-se. Olhou para baixo e viu o maestro no pódio, com a batuta elevada. Tinha de regressar ao seu lugar, tinha que atender os seus convidados. Maldição.

Sorriu enquanto a largava e se punha em pé.

Ciao, bella.