Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2008 Annette Chartier-Warren & Danette Fertig-Thompson
© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
A dama de honor, n.º 12 - dezembro 2017
Título original: The Bridesmaid’s Turn
Publicada originalmente por Silhouette® Books.
Este título foi publicado originalmente em português em 2009
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Dreamstime.com
I.S.B.N.: 978-84-9170-656-4
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Epílogo
Se gostou deste livro…
– Sou Cruz Declan, estou à procura do meu pai.
As primeiras palavras que pronunciou não eram as que planeara, contudo, nada da sua vida nos últimos dois anos correra segundo os seus planos. Já se habituara, sem estar muito confortável com isso, a agir por instinto, a tomar decisões sem pensar nelas.
Embora tivesse tido tempo para pensar, a sua decisão de ir ao Rancho Piñtada e enfrentar Jed Garrett, o pai que nunca conhecera, não fora diferente das outras.
Apresentar-se sem avisar na festa do casamento parecera-lhe excessivamente dramático, o tipo de gesto que era frequente nos filmes da televisão. Semanas antes, quando se preparara para conhecer o pai que o abandonara antes de nascer, encontrara o convite de Garrett para assistir ao casamento do seu filho mais novo. A ocasião perfeita.
Na entrada da casa do seu pai, Cruz não tinha a certeza da sua decisão.
Sabia sem que ninguém lhe tivesse dito que o homem que olhava para ele com uma expressão de espanto era seu irmão, um que só descobrira que existia alguns meses antes. Era uma sensação desconcertante reconhecer as linhas dos seus próprios traços no rosto de um estranho. Isso aumentou a sensação de irrealidade que tinha desde que entrara.
O outro homem estendeu-lhe uma mão. Cruz aceitou de forma automática.
– Cort Morente. Sou teu irmão – fez uma pausa, como se procurasse alguma coisa adequada para dizer. – Lamento muito. Não… Ninguém te esperava…
– Sim. Eu também não esperava vir – interrompeu Cruz. – Não esperava receber uma carta e depois um convite de alguém que não conheço. Embora reclame ser meu pai.
– Acho que podemos dizer com bastante segurança que é mais do que uma reclamação – disse Cort com um sorriso. – Não poderás ocultar a tua relação com Jed. Quando virem Sawyer, Josh, Rafe, tu e eu juntos, não haverá nada a perguntar.
Cruz demorou algum tempo a assimilar o que lhe dissera, no entanto, então lembrou-se da carta de Garrett. Eram quatro irmãos, todos mais novos do que ele: Sawyer, Rafe, Cort e Josh. Garrett não lhe contara muito mais.
– Não fui eu que ocultei alguma coisa – disse Cruz num tom sério.
– Melhor – fez-se uma pausa estranha e depois Cort disse: – Sawyer, Rafe e Josh vão querer saber que estás aqui.
Cruz não disse nada. Sem dúvida, os quatro deviam estar interessados no seu súbito aparecimento, pois Garrett deixara bem claro na sua carta o seu propósito de deixar ao seu filho mais velho, depois de trinta e cinco anos, uma parte do Rancho Piñtada. Supunha que a notícia não teria sido muito bem recebida pelos seus irmãos.
Interpretando o seu silêncio como relutância, Cort acrescentou:
– Tudo isto é bastante mais complicado do que tu pensas. Escuta, antes de tirares conclusões precipitadas, vou procurá-los.
Não deu a Cruz a oportunidade de dizer que não e desapareceu na direcção da sala. Alguns convidados olharam para ele com curiosidade, ele ignorou-os e afastou-se para um canto, concentrando-se em rever os rostos, em busca de algum detalhe que lhe permitisse identificar algum dos seus outros irmãos ou Garrett. Uns minutos depois, Cort apareceu com três homens, incluindo o noivo, que foi o primeiro a falar.
– É típico do nosso pai fazer algo do género sem nos avisar – estendeu-lhe a mão com um sorriso. – Sou Josh Garrett e Cort tem razão. Sem dúvida, és um de nós.
Cruz pensou que se algum deles não era parecido com os outros era Josh, com o cabelo preto e mais desajeitado do que os outros. Depois Cort apresentou-lhe Rafe e Sawyer. Cruz reparou na herança índia de Rafe e decidiu que Cort tinha razão. Tudo era mais complicado do que imaginara.
– Lamento que tenhas de nos conhecer desta forma. Deve ter sido uma surpresa e tanto – disse Sawyer. – Nós só descobrimos que existias há pouco tempo.
– O velho gosta de fazer surpresas – acrescentou Rafe.
– Queríamos conhecer-te antes de Jed – disse Cort. – Talvez assim consigamos reduzir o impacto.
Com uma gargalhada, Josh apoiou uma mão no ombro de Cort.
– Cort é o pacificador da família – explicou, – mas penso que até ele tem dificuldade a tentar fazer que uma reunião desta família corra bem.
– Josh é o diabólico – acrescentou Sawyer, – ou assim era até que Eliana fez com que assentasse.
Cruz sentiu-se mais excluído do que nunca desde que chegara. Tinham-no aceitado sem questionar que fosse seu irmão. Também não parecia que tivessem outra escolha, porém, era evidente que havia um vínculo muito forte entre os quatro e que ele não estava incluído. Não tinha dúvida de onde se encontrariam as suas lealdades se houvesse um conflito.
Também era óbvio que esse vínculo não incluía Jed Garrett.
– Tenho a impressão de que nenhum de vocês está ansioso de que conheça… – Cruz calou-se, não muito seguro de como tratar o homem – Garrett.
– Se fosse a ti também não estaria – murmurou Rafe.
Os quatro trocaram um olhar que Cruz não conseguiu decifrar.
– Jed nunca foi um pai para nenhum de nós – disse finalmente Sawyer.
– Talvez não – disse uma voz rouca atrás deles, – mas isso não muda o facto de ser o vosso pai – o homem, alto, corpulento, com cabelo grisalho e olhos escuros, aproximou-se lentamente até ficar cara a cara com Cruz. – Estou a ver que decidiste aparecer.
Com um grande esforço, Cruz foi capaz de conter a onda de raiva e ressentimento que o invadiu e que não esperara que fosse assim tão forte. Aquilo era o que desejara, estar cara a cara com Jed Garrett depois de uma vida inteira sem saber nada do homem a quem poderia chamar pai. Olhou para Garrett nos olhos e, mantendo a voz fria, disse:
– Admito que tinha curiosidade. Não é todos os dias que descubro que tenho mais família do que a minha mãe.
– A tua mãe… – Jed abanou a cabeça lentamente. – Passou muito tempo desde a última vez que vi Maria. Antes de tu teres nascido. Nunca me disse nada de ti. Tive de descobrir sozinho. Imagino que também nunca te falou de mim.
– Porque havia de o fazer? Tinha dezoito anos, estava grávida e tu abandonaste-a.
– Nunca lhe prometi nada, mas isso não evitou que concebesse esperanças de se casar comigo.
– Então porque tens tanto interesse em mim agora? – replicou Cruz. – Ficaste com remorsos depois de trinta e cinco anos?
– Tenho as minhas razões – respondeu Jed.
– Agora não é o momento adequado para essa conversa – interrompeu Cort, ficando entre Jed e Cruz. – Temos de fazer isto noutro lado, onde possamos falar sem estar toda a gente a ouvir.
– No que me diz respeito, podem continuar a falar durante o resto da noite – disse Josh, – mas eu tenho uma esposa à minha espera e pretendo ficar sozinho com ela dentro de pouco tempo.
– Está bem – resmungou Jed, olhando para Cort antes de voltar a olhar para Cruz, – mas quero que seja em breve. Já perdi demasiado tempo a reunir os cinco, não quero perder mais – desapareceu entre a multidão, deixando Cruz com quatro estranhos, que eram a sua família, e a sensação de que devia ter deixado essa parte do seu passado enterrada.
Estava a começar a ficar farto do casamento. Não só do casamento, mas também das festas, dos bebés, dos noivados… De toda a série de eventos em família.
Uma rajada de vento frio bateu na janela do quarto e Aria Charez tremeu e desejou ter levado um casaco pela décima vez desde que se refugiara para fugir da festa. O vestido de dama de honor, por sorte, era de manga comprida, contudo, o tecido de cetim dourado era demasiado fino para a abrigar do frio. Se calhar, havia alguém a tentar dizer-lhe que não devia ter-se escondido.
Parecia que tinha havido demasiados eventos desse tipo nos últimos meses: Cort casara-se e adoptara um menino; Saul Tamar, o pai de Eliana, casara-se com Darcy Vargas; depois Josh e Eliana. Até a filha rebelde de Darcy, Nova, estava noiva. Nova, a pessoa que, quando estavam no liceu, nunca pensara que se casaria.
Não era que Aria não estivesse feliz pelos seus amigos, porque estava, no entanto, os seus eventos felizes deixavam-na muito sensível e recordavam-lhe que ela não era casada, não tinha filhos, nem sequer um animal de estimação e que as festas nunca eram como diziam.
Não importava. Tinha muito para fazer.
No entanto, era nos momentos como aquele que sentia esse vazio que o sucesso profissional não preenchia, uma sensação de arrependimento por todas as relações que conseguira arruinar de uma ou outra forma e as escolhas erradas que fizera na vida.
Fora o vigésimo comentário sobre o facto de estar solteira que ouvira na festa que fizera com que murmurasse uma desculpa e fugisse para a única divisão do rancho que não era usada nessa noite. A música e as vozes eram apenas um murmúrio e assim conseguia pensar que estavam muito longe. Não acendera a luz, simplesmente aninhara-se num canto perto da janela.
A solidão não lhe dera paz e, com um suspiro, decidiu que já se entregara à autocompaixão por demasiado tempo. Calçou os sapatos e ia a sair quando o som de uns passos a deixou imóvel. Com a esperança de que fosse alguém que se perdera à procura da casa de banho, ficou quieta. Não teve sorte. Os passos chegaram até à porta e depois entraram, passaram por ela e aproximaram-se da janela.
Pela sua silhueta, Aria soube que era um homem, alto, de ombros largos e que estava tenso, com os punhos apertados. Não queria incomodar, contudo, também não queria continuar ali sentada, imóvel, esperando que não tivesse reparado na sua presença para não ter de dar explicações. Levantou-se. Ele virou-se tão depressa que ela deu um salto e quase perdeu o equilíbrio.
– Quem és tu? – perguntou ele.
– Como eu já estava aqui, devia ser eu a perguntar – Aria acendeu a luz e depois quase desejou não o ter feito.
Com aquela luz parecia ainda maior e mais intimidante.
– Lamento – disse o estranho. – Não esperava que houvesse ninguém aqui.
– Eu também não – disse Aria, tentando sorrir. – Está bem. Simplesmente interrompeste o meu momento de autocompaixão. Acredita em mim, precisava que me interrompessem – um pouco envergonhada pela sua própria sinceridade, apressou-se a dizer: – Sou Aria Charez. Não me lembro de te ter visto no casamento. És amigo de Josh? – havia alguma coisa nele vagamente familiar.
– Não exactamente. Sou Cruz Declan. E não estava no casamento.
– Cruz… – de repente, ela percebeu quem era. – Deves ser…
– O irmão perdido – disse com um sorriso. – Decidi fazer a minha grande estreia esta noite depois de trinta e cinco anos de segredo.
– Não sabia que Josh te tinha convidado. Quero dizer, ninguém me disse nada… – Aria calou-se.
Toda a gente falara dele e da forma como Garrett seduzira uma adolescente, a deixara grávida e depois a abandonara para se casar com Teresa Morente e o seu dinheiro. Eliana, uma das suas melhores amigas, contara-lhe como Jed procurara o seu filho mais velho, porém, não conseguira encontrá-lo em dois anos porque Cruz, que era militar, estivera destacado no estrangeiro. Não lhe dissera que Cruz ia estar presente nessa noite.
– Josh não me convidou. Foi Garrett – a amargura da sua voz era óbvia. – Parece que o meu pai queria surpreender o meu irmão.
– Lamento muito. Não posso imaginar o que se sente ao descobrir uma família que não se conhecia.
– Eu também não imagino. Estou a começar a pensar que a ignorância é desvalorizada – sentou-se na beira do sofá.
Aria, com cuidado, sentou-se no outro extremo do sofá e olhou para ele.
– Já conheceste os teus irmãos e Jed? – perguntou.
– Sim e mais algumas pessoas. Transformei-me em cunhado e tio várias vezes esta noite – não olhava para ela. – Pensava que estava preparado, mas não. Pensava que conseguiria controlar a situação, mas não consegui. Simplesmente… fi-lo – abanou a cabeça. – Foi uma estupidez. Não devia ter vindo esta noite.
– Se calhar, só querias conhecer a tua família. Sei que os teus irmãos queriam encontrar-te quando descobriram que tinham outro irmão.
– Porquê?
– Porque és da família.
– Não tenho família. Sou apenas um estranho. Eles têm esposas e filhos, raízes aqui. Eu nunca estive tempo suficiente em lado nenhum para lhe chamar lar. Eles são daqui, eu não.
– Isso não significa que não possam pensar que tu és da sua família.
– Não sei se quero ser família deles.
– Eu pensava que seria mais fácil.
– Mais fácil? – Cruz recostou-se no sofá.
Se lhe parecia estranho que duas pessoas que não se conheciam estivessem a falar como velhos amigos, não o mostrou. Não lhe parecia estranho. Com a sensação de estarem isolados do resto do mundo, a confiança parecia-lhe natural, como se pudessem falar sem nenhum receio. Não se conheciam e, no dia seguinte, poderiam fingir que nada acontecera.
– É mais fácil não aproveitar as oportunidades?
– Parece que falas por experiência própria.
– Talvez.
– Era por isso que estavas escondida aqui? – perguntou ele. – Tiveste uma discussão com o teu namorado sobre o que é mais fácil?
– Não há nenhum namorado – disse com uma gargalhada.
– Os homens desta cidade são cegos ou idiotas? – perguntou, sorrindo.
– Não. Os teus irmãos são bons homens, mas estão todos ocupados – apoiou a cabeça no sofá e olhou para o tecto. – Tu dizes que não és daqui, mas eu cresci nesta cidade e estou a começar a sentir-me como uma estranha – Cruz continuou em silêncio e isso animou-a a falar. – É a mesma história de sempre. Tu sabes, uma mulher que passou dos trinta anos, sozinha, o relógio biológico… – cobriu os olhos com uma mão. – Não posso acreditar que esteja a dizer-te isto. É ridículo.
Como ele não dizia nada, olhou para ele de esguelha e viu que olhava fixamente para ela.
– Não é ridículo se for importante para ti – disse Cruz finalmente.
Olharam um para o outro. Se as coisas fossem diferentes e ela fosse uma mulher menos escrupulosa com as aventuras de uma noite, teria sido fácil passar das confissões a um encontro casual na sala de Jed.
Pela forma como olhava para ela, intensamente, em silêncio, reconhecendo a estranha intimidade que surgira entre os dois, Aria sentiu um arrepio.
Cruz reparou, tirou o casaco e pô-lo sobre os seus ombros.
– Na próxima vez que te esconderes, devias escolher uma divisão mais quente.
– Estão todas ocupadas. Obrigada.
– Queres voltar para a festa? – perguntou ele.
– Não, ainda não – não estava preparada para acabar aquela conversa, – mas se tu queres… – fez um gesto para tirar o casaco e ele impediu-a.
– Não, ainda não.
– Vais voltar? – perguntou Aria depois de hesitar por um instante
– Voltar para onde?
– Refiro-me para tua casa.
– Não considero lado nenhum como a minha casa. A semana passada foi a primeira vez que vi o meu apartamento em três anos. Passei a maior parte desse tempo numa tenda no deserto e também não posso dizer que queira voltar para lá.
– Vais ficar aqui durante algum tempo?
– Não tenho a certeza. Devia voltar à minha vida. Tenho uma empresa em Phoenix. Tenho de começar a trabalhar. Também não estou habituado a ficar muito tempo no mesmo sítio. Mas… – a pausa durou tanto que Aria começou a pensar que não ia acabar a frase, contudo, Cruz mexeu-se no sofá e continuou. – Vim para cá a pensar em enfrentar Garrett e depois ir-me embora. Não esperava que me importasse ter irmãos. De qualquer forma, pensava que iam desconfiar de um estranho que aparecesse a reclamar uma parte do rancho. Mas não foi assim. Teria sido mais fácil se tivessem desconfiado de mim. Teria sabido lidar com isso. Agora não sei como lidar com a situação.
Não parecia o tipo de homem que revelava com facilidade as suas fraquezas e, mesmo assim, mostrou-se vulnerável perante ela. Antes de ter consciência do que fazia, mexeu-se um pouco no sofá, aproximou-se dele e pôs-lhe uma mão no pescoço e acariciou-lhe o queixo com o polegar. Deixou que a sua carícia falasse, não queria reduzir os seus pensamentos a nenhuma frase feita. Cruz olhou para ela.
– Não vais dizer-me que tudo se vai resolver, que é apenas uma questão de tempo?
– Não – disse ela com suavidade e afastou a mão. – Sei melhor do que ninguém que não há nenhuma garantia disso. Às vezes, o tempo só piora as coisas.
– Outra mulher estaria a dizer-me o que quero ouvir – disse Cruz, rindo-se.
– Não sei se posso dizer alguma coisa que queiras ouvir.
– Não tenhas tanta certeza disso – disse com uma voz que quase pareceu uma carícia.
Uma explosão de aplausos e gritos irrompeu abruptamente na sala, fazendo com que ambos se virassem para a porta. Josh e Eliana deviam estar prestes a ir-se embora e Aria apercebeu-se de que estivera desaparecida durante demasiado tempo.
– Devia voltar para a festa – disse ela. – Sou a dama de honor de Eliana e devem estar a perguntar-se onde estou – Cruz levantou-se com ela e Aria devolveu-lhe o casaco.
De repente, sentiu-se estranha, insegura sobre o que dizer quando antes as palavras tinham saído sozinhas. Uma coisa era falar ali, quase às escuras, e outra coisa era voltar para a festa e ter consciência das coisas que contara a um estranho.
– Queres que te dê uns minutos de vantagem? – perguntou, enquanto vestia o casaco.
– Não é necessário – disse. – Duvido que alguém se aperceba.
– Obrigado por me ouvires – disse e, antes que ela conseguisse entender as suas intenções, deu-lhe um beijo.
Começou como um toque leve nos lábios, porém, no momento em que lhe tocou, ela voltou à ilusão de estar sozinha com ele no mundo.
Num instante, tinha a mão dele na nuca e as dela encontraram o caminho até aos seus ombros. Agarrou-se a ele quando ele aprofundou o beijo, passando de algo casual a uma carícia sensual. Se ele não se tivesse afastado primeiro, lentamente, como se quisesse permanecer ao lado dela, ter-se-ia convencido de que era daquele tipo de mulheres e teria esquecido esses escrúpulos.
– É a minha recompensa? – conseguiu dizer, tentando não parecer afectada.
– Não. Só queria fazê-lo. Parece ser uma noite de fazer coisas sem planear.
Rapidamente, virou-se e saiu.
– Bem-vindo – disse num sussurro, sem saber se era uma saudação ou um convite.