bian1077.jpg

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Linda Susan Meier

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma bela surpresa, n.º 2152 - dezembro 2016

Título original: Her Pregnancy Surprise

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9169-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Não estarás a planear voltar para Pittsburg esta noite, pois não?

Danny Carson entrou no escritório do terceiro andar da sua casa de praia em Virginia Beach a falar com Grace McCartney, a sua nova empregada, que estava atrás da sua secretária, encurvada sobre o seu portátil. Uma morena alta com olhos cor de violeta e um sorriso que iluminava a sala. Grace era inteligente, mas também era simpática e gostava das pessoas. Ambas as qualidades tinham ajudado enormemente com o trabalho que tinham tido de realizar naquele fim-de-semana.

Grace levantou a cabeça.

– Queres que fique? – perguntou.

– Só queria saber o que pensavas fazer.

Ela inclinou a cabeça, considerando aquela frase e, então, sorriu.

– Está bem.

Aquele era o seu verdadeiro encanto. Estivera a trabalhar sem parar durante três dias, obrigada a passar todo o fim-de-semana a ajudar Danny enquanto ele convencia Orlando Riggs, um rapaz que transformara uma bolsa de basquetebol num contrato de trinta milhões de dólares com a NBA, a contratar a Serviços Carson como empresa financeira. Grace não só estava longe da sua casa em Pittsburg e dos seus amigos, como também não conseguira relaxar nos seus dias livres. Podia ter ficado aborrecida por ele lhe pedir para ficar mais uma noite. No entanto, sorriu.

– Porque não vais para o teu quarto para te refrescares um pouco? Direi à senhora Higgins que jantaremos dentro de uma hora.

– Parece incrível.

Quando Grace saiu do escritório, Danny chamou a sua governanta pelo intercomunicador. Leu as suas mensagens de correio electrónico, verificou o jantar, passeou pela praia e acabou no alpendre com um copo de uísque. Grace demorou tanto tempo que, quando Danny ouviu as portas de vidro a abrirem-se atrás dele, a senhora Higgins já deixara as saladas sobre a mesa, as entradas no carrinho e já fora para casa. Cansado depois de um fim-de-semana intenso de trabalho e percebendo que Grace provavelmente também estaria, Danny esteve prestes a sugerir que esquecessem o jantar e que falassem de manhã, até se virar e ver Grace.

Vestia um bonito vestido de Verão cor-de-rosa, que deixava ver o bronzeado que adquirira passeando pela praia com Orlando, e parecia jovem e saudável. Danny já percebera que era bonita, claro. Teria de ser cego para não ver como era atraente. Mas naquela noite, com os últimos raios de sol a iluminarem o seu cabelo preto e a brisa do oceano a agitar-lhe suavemente a saia, estava incrível.

– Oh! – exclamou ele, sem conseguir evitá-lo.

Ela sorriu.

– Obrigada. Apetecia-me muito celebrar o facto de Orlando assinar o contrato com a Serviços Carson e, embora isto não seja precisamente Prada, é o melhor do que trouxe.

Danny dirigiu-se para o seu lado da mesa e puxou a cadeira dela.

– É perfeito! – exclamou. Pensou nas suas calças caqui, na sua camisa de manga curta e no seu cabelo preto despenteado pelo vento enquanto se sentava e, depois, perguntou-se porque seria. Aquilo não era um encontro. Ela era uma empregada. Pedira-lhe para ficar para lhe dar uma recompensa pelo trabalho que realizara naquela semana e para falar com ela o suficiente para decidir se queria promovê-la, para além de lhe agradecer por fazer um bom trabalho. O que vestira não tinha de importar. O facto de aquilo passar pela sua cabeça esteve prestes a fazê-lo rir-se.

– A senhora Higgins já serviu o jantar – indicou ele.

– Estou a ver – Grace franziu o sobrolho, olhando para as tampas de prata sobre os pratos que havia no carrinho junto da mesa e, depois, observou as saladas. – Lamento muito, não sabia que tinha estado tanto tempo no duche. Estava um pouco mais cansada do que pensava.

– Então, fico contente por teres levado mais tempo – redarguiu ele. Ainda que, à medida que o dizia, não conseguisse acreditar que estava a pronunciar aquelas palavras. Sim, estava-lhe agradecido por ter sido tão generosa e amável com Orlando, fazendo com que o desportista se sentisse confortável, mas o modo como Danny desculpara o seu atraso parecera pessoal, quando mal conhecia aquela mulher.

Ela riu-se levemente.

– Gosto realmente de Orlando. Acho que é uma pessoa maravilhosa. Mas mesmo assim estávamos aqui para fazer um trabalho.

Quando sorriu e as terminações nervosas de Danny ficaram alerta, percebeu que não estava a comportar-se como um chefe porque se sentia atraído por ela. Esteve prestes a abanar a cabeça. Estava tão lento que precisara de um fim-de-semana inteiro para perceber isso.

Mas não abanou a cabeça. Não reagiu. Era o chefe e já errara duas vezes. O seu «oh» quando a vira com aquele vestido fora inapropriado. O seu comentário sobre o tempo extra fora demasiado pessoal. Desculpou-se a si próprio, pensando que estava cansado. Mas, depois de perceber o que se passava, não conseguia parar. Ele não saía com empregadas e, além disso, aquela empregada em particular demonstrara ser demasiado valiosa para correr o risco de a perder.

– Estou cheia de fome e isto tem bom aspecto – indicou ela, levantando o garfo.

– A senhora Higgins é um tesouro. Tenho sorte por a ter.

– Disse-me que adora trabalhar para ti porque não estás aqui todos os dias. Gosta de trabalhar metade do dia, mesmo que normalmente seja ao fim-de-semana.

– Essa é a sorte que tenho – concordou Danny. Deixaram de falar enquanto comiam e, estranhamente, uma parte de Danny sentia a falta da conversa. Não era normal querer ser amigo de uma empregada e aquele jantar tinha de ser profissional porque tinha coisas para discutir com ela. Mesmo assim não conseguiu evitar sentir-se decepcionado, como se estivessem a desperdiçar uma oportunidade inesperada.

Quando acabaram com as saladas, ele levantou-se para servir o prato principal.

– Espero que gostes de Fetuccine Alfredo.

– Adoro.

– Incrível! – Danny tirou as tampas, serviu os pratos e, com grande esforço, começou a falar de trabalho. – Grace, fizeste um trabalho excepcional este fim-de-semana.

– Obrigada. Aprecio o elogio

– A minha intenção não é só fazer-te um elogio. O teu trabalho conseguiu uma conta importante para a Serviços Carson. Não só vou dar-te um bónus, como também gostaria de te promover.

– Estás a brincar? – perguntou ela.

– Não – respondeu ele, rindo-se. – Agora temos de falar um pouco sobre o que podes fazer e em que parte da organização gostarias de trabalhar. Depois de esclarecermos isso, encarregar-me-ei da papelada necessária.

Ela ficou a olhar para ele com a boca aberta e, finalmente, perguntou:

– Vais promover-me para qualquer lugar para onde queira ir?

– Há uma condição. Se voltar a surgir uma situação como a de Orlando, onde tenhamos de fazer mais do que o habitual para que um cliente assine, quero que tu participes no processo de persuasão.

Ela franziu o sobrolho.

– Eu gosto de passar o tempo a ajudar um investidor indeciso a ver os benefícios de usar os teus serviços, mas não precisas de me promover para isso.

– A promoção é parte do meu agradecimento por teres ajudado com Orlando.

– Não quero – replicou ela, negando com a cabeça.

– O quê? – perguntou ele, convencido de que devia ter ouvido mal.

– Estou na empresa há duas semanas. Mesmo assim fui eleita para passar um fim-de-semana na tua casa de praia com Orlando Riggs, uma super estrela que metade do mundo deseja conhecer. Já me deste mais do que a maioria dos teus empregados recebeu em vários anos a trabalhar para ti. Se houver algum lugar livre em alguma parte, promove Bobby Zapf. Tem uma esposa e três filhos e estão a poupar para uma casa. Precisa do dinheiro e da tua confiança nele.

Danny observou-a durante alguns segundos e, depois, riu-se.

– Entendo. Estás a brincar.

– Falo a sério – declarou ela, respirando fundo. – Olha, todos compreenderam que me escolheste para este fim-de-semana porque sou nova. Não estou a trabalhar para ti há tempo suficiente para adoptar as tuas opiniões, de modo que Orlando soube que, quando eu concordava contigo, não estava simplesmente a seguir o pensamento da empresa. Ainda não sei qual é o pensamento da empresa, portanto fui uma boa escolha para isto. Mas não quero que me promovam às custas de alguém.

– Tens medo dos ciúmes?

– Não! Não quero ter um trabalho que devia ser para outra pessoa. Alguém que trabalha há anos para ti.

– Como Bobby Zapf.

– Nas duas semanas que passei no escritório, observei Bobby a trabalhar mais do que qualquer outra pessoa. Se queres promover alguém, ele é o indicado.

Danny recostou-se na sua cadeira.

– Está bem. Então, será Bobby – declarou. Parou, brincou com a faca e, então, olhou para ela, contendo um sorriso. Nunca tivera uma empregada que rejeitasse um aumento, sobretudo para se certificar de que outra pessoa o obtivesse. Grace era certamente única.

– Posso pelo menos dar-te um bónus?

– Sim! – exclamou ela, rindo-se. – Trabalhei arduamente durante um fim-de-semana inteiro. Um bónus não seria mau.

– Está bem. Um bónus, mas não uma promoção.

– Podes prometer que vais observar-me durante o próximo ano e, então, promover-me, porque já teria tido tempo suficiente para demonstrar o que valho.

– Posso – concordou ele.

– Está bem – replicou Grace. – Assunto resolvido. Eu consigo um bónus e tu observarás o meu trabalho – então, com a mesma rapidez com que fechara o assunto, começou a falar de outra coisa. – Isto é lindo!

Danny olhou em seu redor. Já estava escuro. Um milhão de estrelas brilhava sobre as suas cabeças. A lua brilhava como um dólar de prata. A água batia na margem com ondas de espuma branca.

– Eu gosto. Faço grande parte do meu trabalho aqui porque é tranquilo. Mas ao final do dia também posso relaxar.

– Não relaxas com frequência, pois não?

– Não. Tenho sobre os meus ombros o destino de uma empresa que está a funcionar há décadas. Se fracassar, a empresa fracassa e o legado que o meu bisavô lutou para criar transformar-se-á em cinzas. Portanto, estou concentrado no trabalho. A não ser que a relaxação aconteça de maneira natural, não acontecerá.

– Eu também não relaxo muito – indicou ela, agarrando no garfo. – Ouviste-me a dizer a Orlando que tinha crescido tal como ele. Sem dinheiro. E, do mesmo modo que ele usou o seu talento para criar um futuro, eu tenciono fazer o mesmo.

– Um conselho: talvez não devesses rejeitar as promoções dos teus chefes.

– Não posso ficar com o que não mereço – declarou ela. – Terei de fazer os meus milhões à moda antiga. Terei de os ganhar.

Danny riu-se e disse:

– Odeio dizer-te isto, mas as pessoas que trabalham para outros raramente ficam ricas. Portanto, se queres ganhar milhões, o que fazes a trabalhar para mim?

– Aprendo sobre investimentos. Quando era jovem, ouvi a teoria de que o dinheiro devia trabalhar tão arduamente para ti como tu para ele. Na minha juventude, não tive ocasião de ver como fazer com que o dinheiro trabalhasse, de modo que imaginei que o melhor lugar para aprender sobre investimentos seria uma empresa de investimentos. E tu?

– O que se passa comigo?

– Não sei – replicou ela, encolhendo os ombros. – Desejavas o negócio familiar? Eras uma criança feliz? És feliz agora? – voltou a encolher os ombros. – Qualquer coisa.

Fez as perguntas e, depois, levou o garfo à boca, fazendo com que o seu interrogatório parecesse casual. Mas, mesmo assim, desviara a conversa para ele. No entanto, Danny não pensava que ela estivesse a mexericar. Parecia realmente curiosa, não como um sabujo, mas como alguém que tentava ser amiga dele.

Humedeceu os lábios e o seu coração acelerou ao pensar na possibilidade de responder. Uma parte dele desejava realmente falar. Uma parte dele precisava de falar. Tinham passado dois anos. Tinham acontecido demasiadas coisas. Respirou fundo, surpreendido ao pensar na possibilidade de lhe confiar os seus segredos, mesmo sabendo que não o faria. Embora não pudesse ignorá-la, não lhe contaria as suas histórias. Nunca o faria. Nem a ela nem a ninguém.

Tinha de retomar o rumo da conversa. Tinha de falar de negócios.

– O que vês é o que sou. Presidente da Direcção da Serviços Carson. Não há nada para dizer.

– A sério? – perguntou ela, perplexa.

– Com seis ou oito anos, soube que ficaria com a empresa que o meu bisavô tinha criado. Não tive de viajar nem de experimentar para saber o que desejava. A minha vida estava desenhada de antemão e eu simplesmente segui os passos. Por isso, não há muito para contar.

– Começaste a preparar-te desde criança?

– Não a preparar-me realmente, mas começaram a incluir-me nas conversas que o meu pai e o meu avô pensavam que eram relevantes.

– Mas e se não gostasses de investimentos?

– Mas gostava.

– Simplesmente, parece estranho – indicou ela e corou. – Lamento muito. A verdade é que não me diz respeito.

– Não lamentes – replicou ele, sentindo-se mais confortável do que há anos. – Entendo o que dizes. Tive sorte por gostar de investir. Foi como se o trabalho tivesse sido feito para mim, mas quando o meu filho…

Parou e sentiu uma pressão no peito. O seu coração acelerou. Não podia acreditar que tivesse dito aquilo.

– Mas o teu filho o quê?

– Mas quando o meu filho começou a mostrar o seu talento artístico… – começou Danny, pensando com rapidez porque, mais uma vez, a conversa se tornara demasiado pessoal. E daquela vez fora culpa dele. – De repente, vi que ele talvez não quisesse ser presidente da empresa, que talvez não tivesse a habilidade para assumir essa responsabilidade ou que talvez tivesse talentos que o levassem numa direcção diferente. Então, a empresa teria de contratar alguém e contratar alguém do calibre de que nós precisamos implicaria pagar um salário imenso e uma parte das acções. A fortuna familiar seria desperdiçada.

Ela observou-o durante alguns segundos com um olhar tão intenso que Danny soube que a menção do seu filho a surpreendera. Mas não diria mais nada sobre Cory. Essa parte da sua vida estava tão afastada dele que nem sequer se permitia pensar nisso. Sabia que nunca chegaria o dia em que falaria de Cory com outra pessoa.

Finalmente, Grace suspirou e disse:

– Então, acho que foste sortudo por desejares esse trabalho.

Danny relaxou. Mais uma vez, ela lera os seus pensamentos. Vira que, apesar de ter mencionado o seu filho, não entrara em detalhes e devolvera o rumo da conversa à empresa familiar, de modo que soube que devia deixar passar o assunto.

Acabaram o jantar a conversar amigavelmente porque Grace começou a falar sobre remodelar a pequena casa que comprara ao conseguir o seu primeiro emprego há dois anos. Enquanto falavam sobre os pormenores, Danny percebeu que, provavelmente, ela era a pessoa mais sensível que alguma vez conhecera. Conseguia analisar as pessoas e as situações tão bem que Danny não tinha de se preocupar com o que dissesse à frente dela. Uma pessoa que sabia que não devia intrometer-se nunca trairia a sua confiança.

Por essa razão, sentiu uma necessidade súbita de confiar nela. Mas por que diabos ia querer falar do passado? E porque pensaria que uma mulher havia de querer conhecer as histórias de horror marital do chefe? Nenhuma mulher quereria. Nenhuma pessoa. À excepção de uma bisbilhoteira. E Grace não era uma bisbilhoteira.

Depois do jantar, entraram na casa para beberem um copo, mas Danny parou junto da escada que conduzia ao escritório do terceiro andar.

– Os prémios não fazem parte da contabilidade normal. Eu próprio passo esses cheques. É uma maneira de me certificar de que passam das minhas mãos para a dos empregados que os conseguem. O livro de cheques está lá em cima. Porque não subimos agora e to dou?

Grace sorriu.

– Parece-me bem.

Danny fez um gesto para que Grace o precedesse pelas escadas. Percebeu que fora um erro. O rabo perfeito dela estava mesmo à frente dos seus olhos. Parou e deixou que avançasse mais alguns degraus à frente dele, descobrindo que, daquele ponto, conseguia observar com clareza a barriga das suas pernas.

Chegou ao topo das escadas com a cabeça baixa, observando o tapete oriental que cobria o trajecto. Quando chegou ao terceiro andar, ela estava à espera dele. A luz da lua entrava pelas janelas da parte de trás do loft que dava para o seu escritório, rodeando-a com uma luz pálida que fazia com que parecesse um anjo.