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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Danette Fertig-Thompson & Annette Chartier-Warren

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Um beijo da tua boca, n.º 1169 - Outubro 2014

Título original: What Makes a Family?

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Julia e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5892-3

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

 

Capítulo 1

 

«Devia ter adivinhado», pensou Cort Morente, enquanto tentava não ser arrastado pela multidão que se dirigia para os autocarros. «Isto é o que acontece quando decides começar a viver o resto da tua vida numa segunda-feira».

Era a hora de saída da escola de Luna Hermosa e Cort teve a impressão de que todas as crianças tentavam sair ao mesmo tempo, excepto o rapaz de onze anos, o motivo por que estava no meio daquela confusão. Não tinha esperança nenhuma de o encontrar no meio de tanta gente.

– Eu avisei-te – disse Alex Trejos, o director da escola, aproximando-se dele.

Cort conhecia Alex desde que tinham andado juntos no liceu e sabia, pelo seu sorriso, que estava a divertir-se com a sua situação.

– Eu disse-te que Tommy era muito nervoso.

– Sim, mas não me disseste que dava coices como uma mula. Se esta é a tua ideia de terapia, acho que vou voltar para o meu apartamento e lamentar-me sozinho.

Estava ali precisamente por estar há mais tempo em casa do que gostava de admitir e não gostava daquilo em que estava a transformar-se: um homem caseiro, afastado da vida pública, impaciente e frustrado. Era suposto ser fácil voltar para a vida normal depois de quase dois meses internado no hospital e nove meses de reabilitação. Tudo isso porque um dos suspeitos que estivera a investigar num caso de drogas se sentira ofendido e decidira mostrar o seu desagrado a Cort, tentando atropelá-lo. Na colisão entre Cort e a carrinha, a segunda ganhara. Os médicos tinham-lhe dito que tinha sorte em estar vivo. A única coisa que morrera fora a sua carreira no departamento do xerife.

Tinham conseguido voltar a unir o seu braço direito ao ombro, no entanto, os danos neurológicos eram irreversíveis, e ficara com umas dores de cabeça que lhe duravam horas. Nunca poderia voltar a trabalhar com o xerife, a menos que fosse atrás de uma secretária e sabia que não passaria uma semana sem que o aborrecimento o enlouquecesse. Portanto passara os últimos meses a fazer terapia, enquanto a sua vida inteira se desmoronava e tentando não pensar que tinha de começar novamente com regras completamente diferentes.

Quando Alex lhe telefonara para lhe pedir um favor, aceitara, não porque lhe apetecesse muito, mas para ter alguma coisa para fazer. Não estava habituado a estar sentado. Na maior parte dos dez anos que passara no escritório do xerife estivera no departamento de narcóticos. Trabalhara infiltrado e tornara-se viciado numa mistura especial de adrenalina, falta de sono, cafeína e perigo. A reforma fora um inferno.

Desconfiava que Alex sabia disso e que lhe pedira que falasse com Tommy Lujan mais como uma distracção e não porque pensasse que era a pessoa adequada para esse trabalho.

Tommy tinha problemas. A sua mãe abandonara-o quando tinha dois anos, não sabia quem era o seu pai, vivera durante anos com um tio que o maltratava e que ia estar na prisão durante muito tempo e vivera em várias casas de acolhimento. O miúdo nunca se metera em nada realmente grave, porém, Alex estava preocupado porque, a menos que alguém conseguisse falar com Tommy, tornar-se seu amigo, era apenas uma questão de tempo até que as coisas piorassem.

Cort não tinha muita confiança na sua capacidade para se transformar numa espécie de mentor de Tommy. Os únicos miúdos com quem costumava lidar eram os que traficavam nos liceus e os seus sobrinhos, nenhum dos quais o fazia sentir-se preparado para ter uma conversa com Tommy. Aceitara a proposta de Alex para falar com o rapaz, contudo, quando Tommy o vira, olhara para ele como se fosse o diabo e tentara fugir. Quando Cort o agarrara, o miúdo dera-lhe um pontapé e saíra do escritório de Alex a correr.

– Isto deve ser muito divertido para ti – resmungou ao ver o sorriso de Alex.

– Bom, digamos que ver o grande Cort Morente a ser agredido por um pirralho de onze anos é bastante divertido. Tens de admitir que assim tens alguma coisa em que pensar – Alex ficou sério. – Estou preocupado com Tommy. Apesar de tudo, é um bom rapaz. Não quero que volte a fugir. Não tem para onde ir.

– Não fazes ideia para onde pode ter ido?

– Não, mas Laurel talvez saiba. Laurel Tanner – acrescentou Alex ao ver a expressão interrogativa de Cort, – é a professora de apoio de Tommy. Trabalha com os rapazes que precisam de ajuda nos seus estudos e conhece-o melhor do que ninguém...

Cort olhou à sua volta. A maior parte dos meninos já saíra e o edifício parecia vazio.

– Está aqui?

– Claro – disse Alex. – Vou avisá-la que estás aqui. É nova e é uma das melhores professoras que tenho. Não quero que ela também fuja.

Cort seguiu Alex enquanto este se dirigia para o estacionamento.

– Espera, está ali. Hoje deve ter treino no centro comunitário. Laurel!

Alex abanou uma mão na direcção de uma mulher que estava de pé ao lado de um carro. Ao ouvir Alex, levantou a cabeça e olhou na direcção de Cort, que viu uma mulher alta e magra, cujo cabelo ficava da cor do mel à luz do entardecer. A sua expressão recordou-lhe a de Tommy mesmo antes de fugir.

Cort começou a andar e ela, rapidamente, abanou a mão em direcção a Alex, meteu-se no carro e foi-se embora. Com o sobrolho franzido, Alex disse:

– Deve ter pensado que estava a dizer-lhe adeus.

– Não me parece – murmurou Cort, sabendo que ela também decidira fugir quando o vira. – Não disseste que ia a um treino no centro comunitário?

– Treina as raparigas de basquetebol, mas não podes ir atrás dela. Cort!

Porém, Cort já se dirigira para o lugar onde deixara a sua mota estacionada, pôs as luvas e partiu.

Laurel Tanner olhou para o rapaz assustado que estava encolhido no banco traseiro do seu carro e decidiu que ambos tinham problemas.

Ficara surpreendida ao encontrar Tommy escondido no seu carro. Nunca o fechava, pensando que as possibilidades de que o roubassem eram praticamente nulas, dado que ela mesma tinha problemas para que arrancasse, contudo, nunca imaginara que um dos seus alunos o aproveitasse para se esconder.

– Não vais dizer-lhe que estou aqui, pois não? – perguntou Tommy pela vigésima vez desde que o descobrira no seu carro e lhe rogara que o ajudasse a fugir do homem que estava com Alex.

Num impulso repentino do qual estava a começar a arrepender-se depois de ter tido tempo para pensar, ajudara-o a fugir.

Tommy recusara-se a ir com ela para o centro comunitário, no entanto, Laurel insistira. Não podia esconder-se no seu carro para sempre e precisava de falar com ele num lugar calmo e discreto. A aula de basquetebol só começava às quatro horas e conhecia o centro, especialmente o café para onde ia levá-lo e sabia que estaria praticamente vazio àquela hora. Para além disso, o café dava para o estacionamento e Laurel conseguiria controlar quem chegava.

– Não vou dizer a ninguém – garantiu Laurel, – mas tens de me dizer porque estás a fugir.

– Já lhe disse, por causa dele. Tem alguma coisa que ver comigo e com os assuntos do meu tio.

Tommy saíra de casa do seu tio há quase dois anos, quando este fora preso. Laurel não conhecia a história toda, porém, Tommy ficara muito afectado pelo que acontecera.

– Sabes quem é? – quando o rapaz abanou a cabeça, perguntou com suavidade. – Então como sabes que tem alguma coisa que ver com o teu tio?

– Tem o mesmo aspecto que os tipos que costumavam ir ver o meu tio.

Laurel não o recriminou por ter medo dele. O homem que ela vira com Alex era grande e intimidante. No segundo em que os seus olhares se tinham cruzado, tivera a sensação de que conseguira ler-lhe o pensamento e que entendera que ia fugir com Tommy.

Hesitou antes de abordar um assunto que podia ser tabu.

– Pensava que o teu tio estava na prisão.

Conseguiu ver como olhava para ela através do espelho retrovisor. A expressão dos seus olhos era uma mistura de medo e de impaciência.

– Está, mas isso não significa nada. Aposto que pode fazer qualquer coisa a partir da prisão.

– O que é qualquer coisa?

– É isso... coisas. Muitas coisas. Não quero falar sobre ele – disse e desviou o olhar.

– Está bem, não tens de o fazer.

Mais tarde, no centro comunitário, Laurel pensou como ia fazer para que Tommy confiasse nela. Deu-lhe alguns trocos para que comprasse um refrigerante numa máquina enquanto pensava no que ia fazer.

Podia ter problemas sérios por fugir com Tommy, no entanto, agira de forma impulsiva. Não sabia o que pensar da história que lhe contara. Tinha a certeza de que Alex não teria permitido que um homem perigoso entrasse na escola, no entanto, o rapaz tinha medo desse homem e do seu tio.

Não era a primeira vez que Laurel tentava fazer alguma coisa para ajudar Tommy. Desde que chegara a Luna Hermosa, dois meses antes, e aceitara o lugar de professora de apoio, tivera uma ligação com aquele rapaz calado que passava a maior parte do tempo sozinho. Se calhar era por isso, porque ambos, cada um pelos seus motivos, estavam sozinhos, desligados do resto do mundo. Também podia ser porque implicar-se nos problemas dos outros se tornara um hábito, uma das coisas que fazia, para além de ensinar basquetebol ou passar horas a correr ou a andar pelo campo, para não estar em casa, sozinha com as suas lembranças.

– Tommy, tenho a certeza de que o senhor Trejos não deixaria entrar na escola ninguém que pudesse fazer-te mal. Para além disso, por que motivo ia o teu tio mandar alguém?

– Não conhece o meu tio – disse, olhando para ela, muito sério. – Disse-me que algum dia viria buscar-me.

Parecia tão perdido que Laurel estendeu uma mão por cima da mesa para lhe tocar, para lhe garantir que o seu tio não conseguiria fazer-lhe mal, porém, nesse momento, um ligeiro ruído atraiu a sua atenção e Laurel virou-se para olhar na direcção do olhar de Tommy.

O homem da escola estava ali.

Laurel recriminou-se por se ter concentrado tanto em Tommy que não vira o homem a chegar.

Tommy não parou para pensar. Saltou da cadeira e correu para a porta. O homem fez um movimento para sair atrás do menino, contudo, Laurel foi mais rápida e meteu-se entre Tommy e o seu perseguidor e agarrou-o pelo casaco de cabedal.

O homem emitiu um som de frustração e tentou afastá-la para poder correr atrás de Tommy. Quando se apercebeu de que isso já era impossível, olhou para ela com aborrecimento.

Laurel sentiu um arrepio. Medo. Tinha de ser medo. Era o homem que perseguia Tommy e parecia perigoso.

Disse para si que era pela forma como estava a olhar para ela, um olhar calculista, como se estivesse a registar cada detalhe. Isso fez com que se sentisse pequena e insignificante. Com mais de um metro e setenta, isso quase nunca lhe acontecia, porém, aquele homem devia medir um metro e noventa e, pela sua constituição, devia passar grande parte do seu tempo a fazer exercício.

Conseguiu ver que tinha os olhos castanhos-escuros, quase pretos, contudo, não davam nenhuma pista do que estava a pensar enquanto olhava para ela. Laurel mudara de roupa antes de sair da escola e vestira uma camisola cinzenta e apanhara o cabelo num rabo-de-cavalo.

Sentiu o seu cheiro a cabedal por estar tão perto dele. Sentiu um arrepio de antecipação e depois um brilho de irritação. O que se passava com ela? Nunca sentira algo do género por nenhum homem. Não conseguia entender quando estava a pensar que ele não era um adversário, mas um inimigo. E, definitivamente, não gostava disso.

Queria paz e não ia encontrá-la com estranhos com um aspecto escuro e misterioso que faziam com que o seu coração acelerasse com apenas um olhar.

Ao ter consciência de que era ela quem estava presa enquanto lhe agarrava no casaco, Laurel soltou-o ao mesmo tempo que ele desceu as mãos. Deu dois passos para trás e parou. Não queria enfrentá-lo, embora estivesse claro que ele não ia deixá-la ir.

– Suponho que sejas Laurel Tanner – disse, fazendo com que ela corasse.

Não podia negar, dado que Alex devia ter-lhe dito.

– Sim. Porque estás a perseguir Tommy?

Laurel poderia ter jurado que viu um brilho de diversão nos seus olhos escuros.

– Não estou a persegui-lo – meteu a mão no bolso para tirar alguma coisa, contudo, parou e olhou para ela. – Alguns hábitos são difíceis de esquecer. Eu era polícia. Sou Cort Morente. Sei que me viste com Alex. Alex e eu somos velhos amigos, contou-me os problemas de Tommy e pediu-me que falasse com ele. Alex pensa que talvez possa ajudá-lo.

– Oh... Eu pensava...

«Muito bem», pensou, «meti-me numa confusão por ajudar um menino a fugir da escola. Óptimo».

– Sei o que pensaste. Toma! – exclamou, oferecendo-lhe uma cadeira. Esperou que ela se sentasse e sentou-se também. – Não quero fazer mal a Tommy. Embora seja óbvio que vocês pensaram que sim. Talvez tenha de mudar a minha imagem.

– Não é bem... isso – disse Laurel.

Estudou-o atentamente. Não parecia assim tão ameaçador, sobretudo quando sorria. A sua voz emanava sentido de humor. Também apreciou as linhas de tensão que marcavam o seu rosto e as sombras que havia nos seus olhos. Eram quase idênticas às que via todas as manhãs quando se via ao espelho. Tinha o aspecto de não ter dormido uma noite inteira há muito tempo, como se tivesse de enfrentar os seus próprios fantasmas.

– Tommy pensa que estás relacionado com o tio dele. Diz que és parecido com os tipos que costumavam ir a sua casa.

– Sim, eu sei – disse, fazendo com que se apercebesse de que conseguira ouvir parte da sua conversa com Tommy.

– Foi por isso que fugiu, porque tinha medo.

– Foi por isso que o ajudaste a fugir? – perguntou, sorrindo.

– Eu... ele... Estava preocupada com ele – olhou para ele e disse de repente: – Não pareces precisamente o herói desta história.

– Suponho que não – respondeu com outro sorriso. – Olha, eu trabalhava no departamento de narcóticos e costumava trabalhar infiltrado. Ainda não perdi o hábito de me vestir assim.

A amargura que sentiu na sua voz fez com que sentisse curiosidade, no entanto, decidiu não perguntar.

– Fala-me de Tommy. Alex diz que o conheces melhor do que ninguém na escola.

– Não só na escola. Não me parece que Tommy tenha alguém próximo, acho que nunca teve. Estou aqui há pouco tempo, comecei em Agosto, e Tommy é um dos meus alunos de apoio – olhou para as suas mãos. – Mantém-se isolado desde o início porque é muito retraído. Mal fala com os outros rapazes. Demorei bastante tempo a conseguir que me dissesse mais de duas palavras seguidas.

Não lhe disse que conseguira romper essa distância com Tommy quando descobrira o talento que tinha para escrever. Incentivara-o e isso fizera com que esperasse por ela à saída com a desculpa de querer mostrar-lhe alguma coisa que tinha escrito. Laurel desconfiava que tinha mais que ver com o facto de não querer estar sozinho.

Dissera-lhe muitas vezes para ir com ela ao centro comunitário e para participar em alguma das actividades. Fora durante algum tempo, mas apenas para olhar, nunca participava.

– Está sozinho e, segundo me disseram, dizer que a sua vida familiar não era a melhor é um elogio. É difícil não ter ninguém em quem confiar – disse. – Sente-se tão isolado, como se não pertencesse a nenhum sítio... – parou, consciente de que estava a falar demasiado.

– Parece que o entendes muito bem – disse lentamente.

Um grito de «Menina Tanner!» salvou Laurel de ter de dar uma resposta. Uma menina com calções e uma camisola enorme apareceu no café.

– Já passa das quatro horas. Vamos ter treino hoje?

Laurel olhou para o relógio.

– Claro. Eu vou já. Comecem a aquecer.

Cort levantou-se ao mesmo tempo que ela.

– O teu marido não se importa que tenhas tantas actividades extra-escolares? – perguntou com um sorriso. – Ajudar meninos a fugir da escola...

Estava a brincar, contudo, Laurel ficou gelada. Obrigou-se a relaxar, dizendo para si que não era mais do que uma brincadeira.

– Sou divorciada – disse. – Lamento muito, tenho de ir. Tenho uma aula. Em relação a Tommy... – não queria deixar as coisas assim quando havia muito mais a dizer, muitas mais coisas para saber.

Cort tirou os seus óculos de sol de um bolso e pô-los.

– Vou esperar por outra altura para falar com ele, mas vou precisar da tua ajuda para o convencer de que não sou amigo do seu tio. Se calhar podemos falar mais tarde, quando tiveres mais tempo.

– Se calhar – disse, hesitante.

– Estaremos em contacto, então – inclinou ligeiramente a cabeça e saiu.

Laurel esperou um minuto e depois viu-o no estacionamento. Alguma coisa a manteve ali, imóvel, olhando para ele, enquanto se dirigia para uma mota preta e prateada. Mexia-se com a confiança de um homem de acordo com o seu tamanho e a sua força. Parou ao lado da mota e olhou na sua direcção, como se soubesse que ela estava a observá-lo, depois abanou a cabeça e pôs as luvas e o capacete, antes de se afastar do centro.

Quando deixou de o ver, foi para o ginásio sem ter a certeza sobre o que pensar de Cort Morente. A única coisa de que tinha a certeza era de que nada nele era simples nem fácil.

Depois de uns minutos com ele, sentia que podia ser uma ameaça para a frágil paz que lutara tanto para conseguir. A paz que defendia com tanta força.